segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

SOBRE ARTE, GOSTOS E PATRIARCADO

Sabe por que a gente vê violência contra nós de todo tipo, violência discursiva, simbólica, material, moral, psicológica, na tv, na publicidade, na música, na literatura, no cinema, no teatro, enfim, em todas as grandes obras dos homens considerados "gênios" pelo patriarcado, e muitas de nós nem percebem essa violência e outras ainda percebem, mas acham que dá pra tolerar porque tem "partes aproveitáveis" ou porque tem que "separar o artista da obra" e, ainda sim, continuamos gostando desses artistas, consumindo suas obras, reproduzindo suas produções [e seus valores, por conseguinte]?

Porque não nos concebemos como seres humanas, nos concebemos a nós próprias como o segundo sexo, como objeto do sujeito masculino, apenas concebemos nossa existência a partir do macho e daquilo que ele define sobre nós. Nós não reconhecemos em nós mesmas a nossa humanidade e, portanto, somos incapazes de reconhecer essa humanidade também em nossas semelhantes, por isso achamos relevante e tolerável ver outras mulheres sendo avacalhadas, achincalhadas, diminuídas, inferiorizadas, prostituídas, humilhadas, agredidas, estupradas e mortas e continuamos achando razoável estabelecer motivos pra amar esses artistas e suas produções. A rivalidade feminina cumpre um papel fundamental aí: apartadas umas das outras, sem reconhecer uma nas outras - e em nós mesmas - nossa humanidade, podemos ser facilmente convencidas por homens que, apesar de mulheres terem sido representadas por eles nas artes durante todo o desenvolvimento de nossas sociedade de uma maneira limitada, inferior, desumanizada, nós podemos ser diferentes dessa representação, melhores que ela, especiais, justamente se, dentre outras coisas, aprendermos com homens a apreciá-las, a apreciar as artes, as representações, os discursos violentos e limitadores que eles criam sobre nós, a tolerar, relevar e reafirmar a condição desumana daquelas que são representadas, das quais somos convencidas a crer que não se parecem conosco, porque nós somos especiais, estamos acima delas, justamente por que recebemos a aprovação e a aceitação de um [ou alguns] homens por adulá-los, por aceitar o que eles produzem sobre nós.

Se mulheres tivesses produzido a metade da quantidade de obras que homens produziram nos representando de forma torpe e objetificada com representações de igual teor sobre o sexo masculino, sobre homens e sobre a masculinidade, nossa sociedade já teria entrado em colapso e, provavelmente, os homens mandariam destruir e queimar toda essa produção com uma justificativa tão esdrúxula quanto convincente, que toda a sociedade ia apoiar. E veríamos milhares de livros, peças publicitárias, músicas, peças de teatro, rolos de filmes de cinema sendo censurados, tirados de circulação, destruídos, queimados, apagados da História e da Memória de nossa sociedade - com ampla conivência da sociedade.

Mas vá nós, mulheres, criticar radicalmente as produções artísticas masculinas e dizer que, como obras criminosas contra nós mulheres, não poderiam sequer ter sido concebidas um dia, vá criticar seus autores, e veja o que acontece. Todos se voltam contra nós. Inclusive as próprias mulheres.

E quando a gente fala pra mulheres que elas precisam parar de consumir esses lixos misóginos que o patriarcado convencionou chamar de "geniais", "sétima arte", "literatura universal", "cânone" e outras baboseiras que supervalorizam a misoginia óbvia dessa sociedade, elas se revoltam, criam discursos de autoproteção baseado em seus afetos e gostos pessoais - que são justamente os discursos que nos mostram que elas mesmas não se veem como seres humanas e, portanto, não são capazes de reconhecer a humanidade em outras mulheres, no sexo feminino, e só são capazes de seguir crendo ser razoável idolatrar ou ter algum afeto pelo discurso e por artistas que nos retratam de maneira objetificada e desumanizada simplesmente porque "eu gosto" ou porque "eu não consigo não gostar".

Se as mulheres tivessem a exata dimensão do quanto os homens nos odeiam e de como a forma como nos representam em suas artes é cruel e violenta e define e concebe a nossa existência nessa cultura patriarcal, já estaríamos, ao menos, começando a pensar que não é tão absurdo assim o que eu tô dizendo aqui e que não há nada de mal ou de absurdo em mulheres pedirem a outras para que parem de idolatrar e consumir esses artistas e suas obras.

Revejam seus gostos, reconstruam suas bibliotecas, seus gostos artísticos, musicais, reelaborem seu conceito de arte. Misoginia NÃO É ARTE.



Vejam o vídeo: "Passionate Dialogue" no Facebook ou no Vimeo, de Jan Svankmajer, um macho que faz uns vídeo super bizarro, violento e grotesco, pura representação e celebração da cultura e do regime heterossexual e da violência masculina. Obviamente, um macho super valorizado e superestimado pelo patriarcado.

Quantas conseguem enxergar a violência heteropatriarcal desse vídeo e sentir repulsa por ele e compaixão pela nossa classe nele representada?

Quantas pessoas vocês acham que me consideram louca, exagerada e histérica pelo que estou criticando aqui e não considerariam da mesma forma um homem no caso suposto do terceiro parágrafo do texto, por exemplo?


-2:46

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

LUIZ COPPIETERS, O TRANSATIVISTA MISÓGINO E LESBOFÓBICO AGORA É PORTA-VOZ DE DIREITOS HUMANOS DO FACEBOOK.

Luiz Coppieters, o travesti da USP, e seu séquito falocentrado, se reuniu com a equipe do Facebook pra ditar as regras do ativismo virtual nessa rede. Isso mesmo: um homem fetichista, misógino e lesbofóbico, a quem foi concedido espaço e voz por uma grande empresa para ditar os rumos da militância virtual, inclusive de mulheres e lésbicas.

Luiz, que prefere ser chamado de Luiza, se afirma "mulher trans lésbica" (lembrando que lésbicas NÃO possuem pênis e que lésbicas NÃO se relacionam com pênis, e que coagir lésbicas a manter relações sexuais com pênis configura ESTUPRO CORRETIVO), embora seja apontado frequentemente por mulheres lésbicas por seus episódios misóginos e lesbofóbicos nas redes sociais, virou porta-voz das mulheres e das lésbicas em reunião com empresários responsáveis pelo Facebook.

[Veja aqui e aqui  as manifestações misóginas e lesbofóbicas de Luiz e as críticas das mulheres a ele e veja as cartas de repúdio, aqui e aqui. Leia também sobre o poder do macho e a ideia masculinista, misógina e lesbofóbica de que pode existir pênis lésbico.]

Diante desse horror, do pânico de ter uma pessoa do sexo masculino, que prega o estupro corretivo de lésbicas, sendo alçada a porta-voz de mulheres e lésbicas nas redes sociais, eu lanço a pergunta:
Quem vocês acham que tem poder de determinar o que uma megaempresa deve permitir ou censurar em suas plataformas? Quem vocês acham que tem o poder de sentar na cabeceira de uma mesa de reunião de uma megaempresa de mídia para ditar as regras sobre o que pode ou não pode ser veiculado acerca de mulheres e mulheres lésbicas nas redes sociais? Eu vos digo: QUEM TEM PÊNIS. QUEM DETÉM O PODER DO FALO. E AQUELAS MULHERES QUE COADUNAM COM ESSE ABSURDO.

Omexplicanismo em uma imagem:
Macho que "se sente mulher lésbica" na cabeceira da mesa em reunião com o Facebook pra ditar as regras pra militância virtual lésbica e feminista.
Como sempre, as mulheres ouvem atentamente pra aprender com o macho sobre a própria condição.

As mulheres estão cegas cegas. Tão cegas e colonizadas pelo falocentrismo e pelo backlash transativista que não conseguem enxergar o óbvio: SOMENTE A UM HOMEM E AS SUAS IDEIAS SERIA CONCEDIDO ESSE ESPAÇO E ESSE PODER PARA FALAR DE MILITÂNCIA SOBRE LÉSBICAS E MULHERES.


Tentar convencer lésbicas que pessoas do sexo masculino podem ser lésbicas e que pode haver pênis numa relação lésbica tem um nome: ESTUPRO CORRETIVO. Qualquer pessoa que usa de qualquer argumento para inserir pênis em relações lésbicas é um ESTUPRADOR.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

NEM MORTA OUVIRÃO

Conseguiram. Eu, que me recusava com tanta força a cair nesse lugar, nesse lugar nefasto, adoecido, enfraquecido, débil e debilitante em que o patriarcado deseja e se esforça para que permaneçam todas as mulheres. Eu achei que por já ter enfrentado ele tantas e tantas vezes e ter sobrevivido, e ter mantido a minha lucidez, e estar aqui onde hoje eu estou, e que ter me dado recentemente conta disso me fazia tão forte e tão consciente de tudo, eu achei que eu jamais voltaria a cair nele, porque eu sou uma lésbica e eu estou viva e isso me faz ter uma força e uma coragem imensas. Mas vocês conseguiram. Porque essa desgraça desse sistema é violento, e quanto mais fortemente nos insubordinamos, mais e mais fortemente eles nos golpeiam com suas armas. Até a gente cair. Até nos derrubarem de novo nesse lugar, que é o lugar que eles destinam a todas as mulheres, que é o lugar onde nos querem. Até a gente ficar assim, desamparada, desprotegida, fragilizada, infantilizada, até nos chamarem de loucas, tolas, exageradas, burras, culpadas, até nos condenarem, até nos punirem. Que é pra gente saber bem, exatamente, qual é o nosso lugar nessa sociedade dominada por homens. E não ousar sair dele. Hoje, a plena consciência do que é ser condenada a me desculpar e a indenizar um agressor está me matando. Estou de joelhos, forçadamente de joelhos, sequestrada, desumanizada, humilhada e impotente. Estou sendo posta forçadamente de joelhos aos pés de todo patriarcado, de todo agressor, estou sendo escarnecida publicamente, me cospem, me dão na cara, mijam em mim, e riem. Estou forçadamente de joelhos sendo obrigada a pedir perdão por ter denunciado publicamente um agressor, por ter me insubordinado e me insurgido contra sua agressão. Com o peso de todas as  mãos patriarcais sobre minhas costas e cabeça, sem poder me erguer, me levantar, sou forçada a permanecer de joelhos diante do agressor e a me desculpar com ele por não ter silenciado, por não ter me calado diante de uma agressão.

Como uma criança de 6 anos, eu choro, me sentindo frágil, agredida, humilhada, derrotada. Como uma criança de 6 anos eu choro por não me sentir capaz de fazer outra coisa nesse momento. Como uma criança de 6 anos eu choro sem saber mais o que fazer pra reivindicar a minha própria humanidade. 

E como uma serva estou sendo obrigada a pedir perdão aos meus senhores. Estou sendo obrigada a pedir perdão e a indenizá-los como forma de punição à minha insubordinação, a minha petulância em acreditar e ousar tornar publica a minha certeza de que mulheres são humanas e que, numa sociedade que mata 1 mulher a cada 5 minutos, em que uma mulher é estuprada a cada 11 minutos, em que cinco mulheres são espancadas a cada 5 minutos, num país que é o 5º do mundo em casos de violência contra mulher, nessa sociedade, nesse país, as agressões contra mulheres, contra quaisquer mulheres, não podem ser toleradas de nenhuma forma, por acreditar que, nessa sociedade, nesse país, agressões contra mulheres devem ser publicizadas e denunciadas sempre pelas mulheres, que elas precisam ser encorajadas a denunciar, que elas não podem temer denunciar, que elas não podem temer romper o silêncio, sob o risco desse silêncio continuar nos machucando, nos estuprando, nos matando, como sempre fez; nessa sociedade, estou sendo obrigada a pedir perdão a um agressor por ter tornado publica a sua agressão e o caráter machista dela.

Estou de joelhos, com o peso das mãos de todos os patriarcas me dobrando as pernas. Mas não ouvirão o meu perdão.

NÃO OUVIRÃO SAIR DA MINHA BOCA, NEM DAS MINHAS MÃOS E NEM DE NENHUM LUGAR DO MEU CORPO, AINDA QUE FORÇADO A SE DOBRAR DIANTE DOS PATRIARCAS, NEM DO MEU PEITO, NEM DO MEU SEXO, NEM DO MEU CORAÇÃO, DE NENHUMA PARTE DE MIM VOCÊS NUNCA OUVIRÃO UM PEDIDO DE PERDÃO.

Por todas as mulheres vilipendiadas, humilhadas, agredidas, violadas e mortas, por todas as mulheres que lutam e resistem, por todas as lésbicas que, em todos os minutos de suas vidas, são fortemente empurradas pra esse lugar do silêncio e da desumanização. A força desgraçada que dobra hoje meus joelhos não os dobrará para sempre, porque ela nunca será maior do que a minha.


Sou lésbica, sou feminista, eu resisto.





Ode a todas as mulheres que vivem, que resistem e que lutam

Hoje é uma noite muda e afiada
como uma faca de cortar esperanças.
Hoje a lua é lâmina que estanca o sonho
segundos antes do golpe.
E o feixe de luz que me vaza os olhos pela insônia é


Ó
D
I
O


Mas quando me aniquilam a humanidade,
é o ódio que me humaniza de novo,
é o ódio que me faz não duvidar de mim,
é o ódio que me faz manter a certeza
de que eles estão errados,
que eu não estou louca,
e nem descontrolada,
eu não preciso ser punida,
como querem fazer parecer,
de que eu estou certa,
de que eu sou humana
E que continuar acreditando nisso
é a única forma de me manter viva e sã,
e que embora não seja necessariamente
uma garantia disso, é a única forma


De a gente se manter vivas.


É CONTINUAR ACREDITANDO.

EU CONTINUO ACREDITANDO.

E CONTINUAREI GRITANDO PARA TODAS AS MULHERES:

NÃO DESISTAM DE SUA HUMANIDADE.



[Esse poema começou aqui e cresceu pra fora, mas não pra muito longe.]

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

PROSTITUIÇÃO É ESTUPRO

Se você não consegue enxergar o quão desumanizante a prostituição é, que ela é algo tão violento e violante a tal ponto que sua existência devia ser inconcebível e não naturalizada pelo discurso de que prostituição pode ser empoderadora e libertadora; se você não consegue enxergar isso e acha que pode haver algo empoderador ou livre/libertador na prostituição, se você defende que a prostituição poder ser empoderadora ou libertadora das mulheres, você ainda não entendeu que mulheres são humanas, que mulheres são SERES HUMANAS. Você ainda está raciocinando e dando sentido à mulher dentro da lógica e dos códigos do patriarcado, você está pensando e significando a mulher dentro da lógica, ou seja: você acredita que mulher é coisa, é objeto, é um troço que existe pra servir a homens, bastando que eles comprem seu consentimento - quando consentimento não pode ser comprado e quando isso acontece o nome disso é ESTUPRO.

E isso é ainda mais desesperador quando você é uma mulher.


As relações entre homens e mulheres nunca serão "normais", porque são fundadas na desigualdade. A prostituição serve de manutenção à hierarquia criada por homens e que estabelece a supremacia do sexo masculino sobre o feminino.

Mulheres são frequentemente apontadas como "interesseiras" ou "aproveitadoras" quando ao reproduzir seu papel social de inferior, dependente, subjugada, em alguns aspectos dessas relações desiguais elas aparentemente tiram delas algum "proveito".

Mas a verdade é que nenhum proveito ou benefício há, para mulher, em relações fundadas na desigualdade. E, portanto, não há nelas nenhuma liberdade ou empoderamento. A prostituição/estupro é o fundamento dessas relações de siguais entre homens e mulheres, e o fundamento da prostituição/estupro reside no fato de que, historicamente, a dominação do sexo masculino sobre o feminino se deu, originalmente, quando os homens expropriaram das mulheres os seus meios de sobrevivência - inclusive seu corpo, seu sexo, sexualidade e capacidades reprodutivas - subjugando o sexo feminino e convertendo fêmeas humanas em mulheres ao convencê-las que, por serem inferiores aos homens, deviam a eles temor e subserviência, pois que, expropriadas de meios de subsistir, encarceradas no espaço doméstico e reduzidas a incubadeiras dos herdeiros do macho, sua subjetividade, autoimagem, autocompreensão sobre si e sobre o que é ser mulher, é forjada na sua própria servidão, inferiorização e dependência em relação ao sexo masculino. 

Junto com o sequestro de seus meios de subsistência, toda humanidade da mulher também é sequestrada pelo sexo masculino, agente e sujeito do processo de limitação, redução e exploração da fêmea humana.

Nesse processo de expropriação, de desumanização, de empobrecimento, o corpo e o sexo feminino são convertidos, pelo homem, em moeda. Isso acontece para que, subjugadas, desumanizadas, empobrecidas, as mulheres temam constantemente o medo do estupro e cedam ao casamento, ao contrato social e promessa que os homens fazem de nos protegerem da violência deles mesmo e de nos prover da pobreza que eles mesmos nos causam. Às mulheres que se recusam ao casamento (lésbicas, rebeldes, insubordinadas), a proteção dos homens é vetada: como mulheres passíveis de terem seus corpos acessados por todos os homens (já que abriram mão de ser propriedade de um único) resta a aceitação do estupro mediante a um simbólico pagamento, ou seja: a aceitação da conversão de seus corpos e sexo à mercantilização negociável entre todos os homens. Isso serve, ao mesmo tempo, como instrumento de controle social das mulheres prostituídas, visto que sua subsistência continua subordinada aos homens, que negam-lhe trabalho, terras e acesso à produção ao mesmo tempo que - não interessando-lhes a morte delas - convertem seu corpo em mercadoria, condicionando a subsistência delas a submissão ao estupro mediante pagamento. O pagamento, que não as deixa morrer de fome, existe para que permaneçam vivas e sirvam de exemplo, em toda sua miséria, servidão sexual e vitimização, a todas as mulheres, para que todas as mulheres não se rebelem contra o casamento, contra converter-se em propriedade de um único homem, pra mostrar a elas que a alternativa a isso é ainda muito pior. 

Esse é o fundamento da prostituição: expropriada e destituída por homens de qualquer forma de sobreviver, recusando o casamento como forma de receber proteção e proveção masculina contra a violência e a miséria que eles mesmos causam as mulheres, seu corpo é convertido por homens em mercadoria para que ela continue no subjugo masculino e ainda sirva de exemplo a outras mulheres.

E como não podia deixar de ser, todo esse processo de origem das relações de prostituição precisa ser apagado, o verdadeiro sentido da prostituição vai sendo apagado pela História escrita pelos homens, pela Arte e pela Literatura produzida pelos homens, pela Filosofia, Sociologia e por Teorias produzidas por homens... durante toda história das sociedades patriarcais, os homens, em suas práticas e discursos, emprenham-se para dar outros significados pra prostituição, para que seu significado mais fundamental e mais verdadeiro seja esquecido, seja apagado. Mas esse significado ressurge, vez ou outra, na história, pelos discursos de mulheres, pelas memórias das mulheres, pelas falas e vivências das mulheres, esse significado ressurge porque é real, porque ele é fruto da violência e da dominância masculina, que os próprios homens não conseguem esconder. Por isso, mesmo com todos discursos falseados sobre a prostituição pra esconder seu verdadeiro caráter, seu sentido mais fundamental, os homens não conseguem esconder seu verdadeiro significado, porque ele reside e nasce e renasce na própria violência masculina, real e iminente em toda sociedade patriarcal: prostituição é a DEGRADAÇÃO das mulheres pelos homens. 

Não se enganem: esse é o verdadeiro sentido da prostituição. Num sistema patriarcal em que mulheres são forjadas como gênero a partir da expropriação de seus meios de subsistência e que, portanto, não são sujeitas de si, se suas histórias, narrativas e direitos, a prostituição é muito menos sobre o "direito" de mulheres venderem seus corpos e muito mais sobre o direito dos homens de comprá-los. Não há nenhum benefício, empoderamento ou liberdade pra nenhuma mulher em estar numa função que tem como fundamento a servidão feminina. Mas os homens farão de tudo para que não enxerguemos isso, para que a gente não dê conta disso, inclusive tentar nos convencer que o acordo que eles estabeleceram entre eles sobre o direito de todos os homens aos nossos corpos e aos nossos sexo são, na verdade, ou um benefício, ou uma escolha empoderadora ou uma libertação pra nós.









domingo, 30 de outubro de 2016

NÃO EXISTE "MULHER TRANS"


Eu NÃO me identifico como mulher. Eu SOU o sexo feminino, o sexo, o corpo, historicamente vilipendiado, massacrado, estuprado, mutilado, explorado, objetificado, empobrecido, demonizado, imoralizado, sujeitado, escravizado pelo SEXO MASCULINO. Eu sou o corpo e a subjetividade produzidas a partir disso.

Isso é ser mulher. E eu NÃO me idendifico com isso. Eu sou impelida violentamente a isso por uma sociedade falocrática comandanda pelo sexo masculino.

"Cisgeneridade" é discurso de culpabilização de mulheres. NÃO EXISTE mulher cis. ZERO mulheres "se identificam" com o que foi imposto a elas ao nascerem com o sexo feminino.

Ser mulher NÃO é autoidentificação, é uma VIOLÊNCIA. Gênero NÃO é autoidentificação, é um SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO inventado para reduzir, limitar, incapacitar
e explorar o SEXO FEMININO.

Não existe "mulher trans", o que existes são homens fora de conformidade com o estereótipo de masculinidade.






quinta-feira, 27 de outubro de 2016

VEM AÍ AS POLÍTICAS DE CISCOLONIALISMO

Vocês conhecem as políticas de CISCOLONIZAÇÃO (OU CISCOLONIALISMO)?

Poizé. Agora segura essa marimba aí porque em breve nós, mulheres "cis", não seremos, conforme apontam as teorias queer e de transgeneridade, apenas as agentes da opressão contra o sexo masculino num sistema que, em fundamento, nos oprime, oprime ao sexo feminino.Tá chegando aí o conceito de "CISCOLONIALISMO"! Em breve, nossa luta feminista em defesa da emancipação do sexo feminino será, também, um projeto de COLONIZAÇÃO!!!

Isso mesmo: o sexo feminino como agente da opressão e da colonização do sexo masculino! Aguardem! O conceito já tá circulando timidamente por aí, é apenas uma questão de tempo até que ele se espalhe pelos meios acadêmicos e militantes!

Nós, mulheres, em séculos, milênios de luta, mal conseguimos nomear, conceituar, narrar e quantificar a violência que os sujeitos do sexo masculino cometem contra nós, em séculos, milênios de luta, mal conseguimos nomear, conceituar, narrar e quantificar os sujeitos e agentes da violência masculina colonizadora que nos acachapa milenarmente, mal conseguimos nomear, conceituar, narrar e quantificar a própria colonização masculina que sofremos enquanto os sujeitos dessa violência colonizadora eram, sempre foram, os homens, o sexo masculino. Imagina a nossa situação agora, que passamos de vítimas de um sistema de opressão para sujeitas e agentes deles? E que permite ao sexo masculino, sujeito e agente histórico da opressão contra o sexo feminino se autoidentificar como vítima de um sistema que tem mulheres como agentes opressoras.

COLONIZADORAS DE HOMENS. É esse o lugar que as teorias masculinistas queer e transativistas reservam pra nós. Em breve, o patriarcado será mantido e perpetradopor nós, mulheres.

E ainda tem mulher velha de guerra, velha no feminismo, que acredita que o transativismo ou é revolucionário ou é inofensivo.

Olha, amigas, me desculpem, mas é preciso um nível de falocentrismo e colonização masculinista do pensamento de vocês muito alto pra não querer se dar conta da grande merda que vocês estão alimentando defendendo essa merda ou se mantendo em cima do muro pra defender sentimento de "trans" ou com medo de ser acusada de transfobia.






Pelamor, acordem do transe piroquista enquanto é tempo!

EM BREVE O PATRIARCADO NEM EXISTIRÁ MAIS

Porque não existirão mais homens. Cada qual se identificará como quiser e não haverá mais sujeito agente do patriarcado e nem vítimas dele, mesmo que, muito provavelmente, nós, pessoas do sexo feminino, continuemos sendo mutiladas, espancadas, escravizadas, estupradas, exploradas e dominadas pelos homens, ou indivíduos do sexo masculino.

Vejam só, os h
omens não são mais homens, agora eles são "pessoas que se autoidentificam com o gênero masculino".

Olha onde a loucura queer de vocês está chegando. Em breve a violência contra mulheres não poderá mais ser nomeada, narrada ou quantificada, porque não terá mais um sujeito, pois homens vão se identificar com tudo que quiserem, menos como os sujeitos e agentes do patriarcado, menos com os machistas, misóginos e agressores que eles são.

Olha, bruta merda vocês, viu.


Este é um conhecido professor de uma grande universidade pública do RJ. Ele dá palestras sobre questões de gênero e violência de gênero nas escolas. Guenta essa.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

SOBRE LIBERALISMO E A POLÍTICA DE IDENTIDADES TRANS E QUEER


Este é "Carlota Miranda".
"Carlota" se autoidentifica como "mulher" trans e, por isso, ganhou o direito de frequentar espaços exclusivos para mulheres na universidade PUC do Rio Grande do Sul. Você sabe o que é a POLÍTICA DE IDENTIDADES que permite a esse homem se identificar como uma mulher? 


A POLÍTICA DE IDENTIDADE é autorregulável, por que é uma política de AUTOIDENTIDADE, ou seja: a pessoa se identifica a si mesma a partir de seus critério subjetivos e ninguém tem o direito de negar a ela a sua identidade. Por isso se chama AUTOIDENTIDADE.

Na política de identidades, que tem como fundamento a AUTOIDENFICAÇÃO, não é permitido a outra pessoa legislar sobre a identidade de alguém, porque o direito a autoidentidade passa a ser compreendido como um direito fundamental do indivíduo. Fundada na ética liberal, que tem o indivíduo como o princípio e o fim de todo e qualquer ordenamento social, ignorando que a construção da realidade e das condições sociais não se dá apartir da vontade individual, mas da interação dialética entre individuos e coletividade, a ética estabelecida a partir do liberalismo ignora a realidade histórica e material de fenômenos como "identidade" e deposita na vontade individual soberana todo o pode sobre a identificação de categorias que não existem individualmente, mas coletivamente - como "homem" e "mulher", fundamento essas categorias como vontade individual de pertencimento e, dentro da lógica liberal, direito fundamental que não pode ser negado ao indivíduo. Desta forma, não importa se você crê que "mulheres" trans são apenas aquelas que se hormonizaram desde muito jovens, ou aquelas que reproduzem os estereótipos de gênero mais rigorosamente, ou aquelas que retiraram o pênis cirurgicamente, pois não é você (nem nenhuma outra pessoa) que legisla sobre a identidade de uma pessoa, mas somente ela mesma. E aos outros só cabe acatar a identidade dessa pessoa e todos os direitos que ela passará a desfrutar a partir dessa mudança de condição - como frequentar banheiros femininos, mesmo sendo uma pessoa do sexo masculino, mesmo tendo barba, mesmo tendo um pau - dentro da ética da política de identidades e de autoidentificação, só cabe ao indivíduo dizer quem ele é, independente se (e em que grau) você concorda ou discorda disso.

É a partir dessa ética, dessa lógica e desse fundamento, da POLÍTICA DE IDENTIDADES (uma política fundamentada na ética liberal e pós-moderna), que o movimento queer e o movimento trans fundam as suas práticas de autoidentidade e autoidentificação. É a partir do apagamento da nossa condição HISTÓRICA e MATERIAL, socialmente construída (eu não sou mulher porque me identifico com uma, eu sou porque "mulher" é uma condição histórica e material que os homens impõem às pessoas do sexo feminino e não uma vontade individual), é a partir do silêncio das mulheres (que estão sendo impedidas de dizer o que é ser uma mulher porque isso exclui e fere os sentimentos daqueles que "se identificam" com uma), é a partir do apagamento da nossa história (que é negada cada vez que eles afirmam que ser mulher é uma questão de identificação com estereótipos e signos de violência ou que ser mulher é um "sentimento"), é a partir da invasão de nossos espaços íntimos, sociais e políticos (conquistados a duras penas, em cima do sangue e morte das que lutaram antes de nós). Vocês conseguem perceber que a política de identidades é estabelecida pra isso mesmo? Pra permitir ao grupo dominante que "se identifique" com o grupo dominado, invada seus espaços, regule suas práticas, imponha suas pautas, defina o que é ser alguém do grupo dominado a partir de seus próprios princípios de dominação e, quando for questionado, grite: "Vocês não podem fazer isso comigo porque eu sou um de vocês!"

Vocês conseguem perceber o perigo disso? Vocês conseguem perceber que homens estão invadindo nossos espaços, íntimos, sociais, políticos... que eles estão nos representando, definindo nossas pautas, narrando nossa história, definindo nossa condição - a condição de "ser mulher"?


"Carlota" frequenta banheiros e espaços exclusivos para mulheres, porque esse é um direito garantido pela POLÍTICA DE IDENTIDADES, baseado na ideia de que a "autoidentidade" das pessoas deve ser respeitada.



Vocês estão cegas?


"Carlota" recebeu uma carteirinha da universidade com seu nome social (direito garantido a todos que se autoidentificam como o gênero oposto, segundo a POLÍTICA DE IDENTIDADES), que frequenta banheiros femininos da faculdade e que, por se identificar como mulher, segundo a sua própria vontade, em nome do respeito a sua identidade de gênero, não poderá ser impedido de fazer parte de movimentos estudantis, movimentos sociais, partidos políticos, representando as mulheres, decidindo nossas pautas e definindo a nossa condição, a condição de ser mulher no patriarcado.


PELAMORDADEUSA, SAIAM DESSE TRANSE PIROQUISTA.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

AUTOIDENTIFICAÇÃO E PÊNIS LÉSBICO

O macho pode ser o que ele quiser. Ele tem direito a ser o que deseja, mesmo que seu desejo não tenha nenhuma materialidade, nenhuma relação com a realidade material a qual ele deseja corresponder, mesmo que seu desejo seja amparado somente em seus fetiches e fantasias delirantes, mesmo que seu desejo passe por cima de outras pessoas, de outras classes, que apague a história delas, anule a condição delas, as aniquile. O desejo do macho se resume a uma única condição: ao que ele sente, ao sentimento do próprio macho. Ignora a tudo e a todos, precisa ser realizado acima de qualquer coisa.

No patriarcado, os sentimentos dos machos estão acima de tudo, acima de qualquer coisa, acima, sobretudo, da vida, da história, dos sentimentos, da materialidade da condição feminina, da materialidade da condição lésbica e da segurança das mulheres. No patriarcado, o desejo do macho é SOBERANO.

Essa tirinha é sobre como Luiz Coppieters decidiu que queria ser uma mulher lésbica.

Olhem o nível de fetichização sobre a sexualidade de mulheres lésbicas de uma pessoa socializada como HOMEM até a idade adulta, até mais de 30 anos.

Isso é perverso, isso é misógino, isso é lesbofóbico.

Luiz Coppieters NÃO é uma mulher lésbica. É apenas um homem FETICHIZANDO a condição lésbica, reduzindo a condição lésbica ao que seu próprio desejo de homem quer impor sobre ela.



Clique aqui para ver a fonte da imagem acima

"MULHER" TRANS LÉSBICA E PÊNIS LÉSBICO?

COMO UM SEXO ENTRE PÊNIS E VAGINA SE CONFIGURA COMO SEXO LÉSBICO?

Só há uma única circunstância em que o sexo entre um pênis e uma vagina pode ser considerado um sexo LÉSBICO:

Quando existem mulheres extremamente amedrontadas, colonizadas e ávidas pela aceitação e pela aprovação masculina a ponto de legitimarem dentro do próprio movimento lésbico os desmandos e absurdos das vontades delirantes e dos desejos fetichistas e lesbofóbicos dos homens sobre a sexualidade lésbica. Quando existem mulheres tão amedrontadas, colonizadas e ávidas pela aceitação e pela aprovação masculina a ponto de colocar os desejos e sentimentos delirantes e perversos dos homens fetichistas acima do bem estar, da palavra, dos sentimentos e da segurança das mulheres.


Ou seja: o sexo entre pênis e vagina só pode se configurar como sexo lésbico na imposição violenta da vontade do macho como soberana sobre todas as fêmeas, sobre todas as mulheres. Na reafirmação constante da supremacia do homem sobre a mulher, na supremacia do falo sobre a vagina. O sexo entre pênis e vagina só pode se configurar como sexo lésbico NA DOMINAÇÃO PATRIARCAL DE HOMENS QUE AFIRMAM ISSO SOBRE MULHERES QUE ACATAM ESSA AFIRMAÇÃO.

EM NENHUMA OUTRA.

Como os homens conseguem isso?

SOCIALIZAÇÃO. Falocentrada e misógina. Pra invadir, pra dominar, pra subjugar, pra impor sua falocracia sobre todas as mulheres. Pra ser SUJEITO. De si, da sua vontade, do seu corpo, da sua fala, da sua narrativa, da sua política.

Como as mulheres permitem isso?

SOCIALIZAÇÃO. Falocentrada e misógina. Pra acatar, pra obedecer, pra agradar, pra depender da aprovação do sujeito misógino e falocentrado. Pra ser OBJETO. Do outro, da vontade do outro, do corpo do outro, da fala do outro, da narrativa do outro, da política do outro.

Isso é o patriarcado. Isso é a falocracia patriarcal. Isso é a supremacia do sexo masculino sobre o sexo feminino.

A autoidentificação com os signos de feminilidade não faz de homens, mulheres. A autoidentificação com signos de feminilidade não faz com que homens deixem de ser sujeitos misóginos e falocentrados e não faz com que mulheres deixem de ser objetos do sujeito misógino e falocentrado só porque esse sujeito resolveu se identificar com os símbolos da nossa opressão e se autorreferir a si mesmo como mulher.

As escolhas e sentimentos individuais de sujeitos masculinos sobre si mesmos, sobre sua aparência e seus sentimentos NÃO MUDAM A ESTRUTURA PATRIARCAL MILENAR QUE SOCIALIZA O SEXO MASCULINOS PARA INVADIR, SUBJUGAR, DOMINAR O SEXO FEMININO PRA ACATAR, OBEDECER E TEMER.

NÃO EXISTE PÊNIS LÉSBICO! NÃO EXISTE MULHER TRANS LÉSBICA! LÉSBICA NÃO É IDENTIDADE DE GÊNERO, LÉSBICA É SEXUALIDADE!

LUIZ COPPIETERS NÃO É UMA MULHER LÉSBICA! É UM FALSÁRIO QUE ESTÁ USANDO DE SUA SOCIALIZAÇÃO MASCULINA PARA SUBMETER E SUBJUGAR MULHERES E SE INSERIR EM ESPAÇOS LÉSBICOS!

Acordem do transe transativista!

Esse é Luiz Coppieters, transativista do sexo masculino que se diz lésbica e está invadindo espaços lésbicos e militantes de SP para palestrar sobre a "condição lésbica". Em 2012, com 30 e poucos anos, ao ver duas lésbicas se beijando num restaurante, Luiz decidiu que queria ser uma lésbica. É acolhido e aplaudido por transativistas e feministas transaliadas nos espaços políticos, mesmo sob forte protestos de feministas lésbicas.


domingo, 7 de agosto de 2016

RELATO DE UMA MENINA DE 14 ANOS SENDO SOCIALMENTE COAGIDA À TRANSEXUALIDADE

Este relato foi feito a mim pelo inbox do Facebook e está publicado com a autorização da autora.

É uma adolescente lésbica que está sendo compulsoriamente empurrada à transexualidade, mas a quem o Feminismo Radical têm ajudado a resistir!

"Eu tenho 14 anos, sabe? E em toda minha vida eu ouvia: "você é um garoto" "por pouco você não nasceu um garoto" "essa menina parece ter um pinto" "joga bola que n homem" "maria macho" sapatao" isso dentro de casa, toda hora. Chegou um momento, que acredito eu, por ser nova ainda, cheguei à acreditar nisso. Eu não me via mais no espelho como uma garota, eu queria ser um menino e eu me via como um. Eu não queria mais fazer nada "de garota" porque falavam que eu era um garoto, que tinha algo de errado comigo e tudo isso. Eu também com 12 anos fiquei com uma menina por pura curiosidade e impulso, falavam tanto que eu gostava que acabei me perguntando "será que gosto mesmo de mulher?" "Será que sou mesmo um garoto?". Mas aí eu conheci o feminismo, disse que eu podia fazer tudo que eu quisesse, coisas de homem e de mulher, mas eu, apesar de tudo, um pouquinho ainda me identificava como um garoto, eu não queria ter peitos e tal. Mas agora, vai fazer um mês que conheci o rad ( que eu já tinha em mente o lance de gênero e o rad) e eu tipo, me libertei, sério. Eu não tenho mais aquela idéia na cabeça, e vi que eu fui meio que vítima do gênero, da minha família, ao ponto de eu acreditar em tudo aquilo. Então, é isso. Eu sou uma mulher, amo meu corpo, e irei continuar fazendo coisas que a sociedade impõe que os garotos devem fazer!"


Transexualidade é "cura lésbica", é apagamento e aniquilação da condição de lésbicas! Transexualidade é manutenção do sistema de gêneros. Transexualidade = Patriarcado!

Querida M., tenha força! Resista! Você está se tornando uma mulher incrível e maravilhosa! Seu corpo é perfeito, não há problemas em ser mulher e se comportar e agir livremente, não há problemas em ser mulher e fazer o que você deseja! Não há problema em ser mulher e amar outras mulheres! Você é uma mulher forte e linda!





LUIZ COPPIETERS É UM HOMEM MISÓGINO, LESBOFÓBICO E VIOLENTO QUE FETICHIZA LÉSBICAS!

Um macho misógino, lesbofóbico, falocentrado, um fetichista de lésbicas nojento, assediador de mulheres, que diz que lésbicas butch são homens frustrados, têm inveja de pênis, que diz que lésbica que sofreu estupro corretivo é vitimista, que ela é um estuprador e oferece risco pra outras mulheres, tudo printado, registrado, mas com o que as mulheres que chegam no meu blog pra responder a carta de repúdio à participação desse macho fetichista nojento estão preocupadas?
Com a transfobia. Isso mesmo, estão nos meus comentários me desejando a agressão, a morte, processo, cadeia porque eu sou transfóbica.
PELAMORDADEUSA, MULHERES, SAIAM DESSE TRANSE PIROQUISTA!
Luiz Coppieters é um HOMEM. Um HOMEM MISÓGINO, LESBOFÓBICO E VIOLENTO QUE FETICHIZA LÉSBICAS!
Eu não vou publicar os comentários de vocês por motivos de: não sou obrigada a dar visibilidade a esse transe falocêntrico em que vocês estão porque ele violenta e mata lésbicas!


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

CARTA DE REPÚDIO À PARTICIPAÇÃO DE LUIZ COPPIETERS EM ESPAÇOS LÉSBICOS E NOS EVENTOS DO MÊS DA VISIBILIDADE LÉSBICA.EM SÃO PAULO.

[Clique aqui para ver o evento no Facebook]




Esse é Luiz Otávio Coppieters, um homem que cresceu e foi socializado como HOMEM, que recebeu uma socialização misógina e falocentrada como HOMEM, que galgou privilégios e espaços através dessa socialização como HOMEM, que exerceu/exerce seu falocentrismo e misoginia, oprimindo mulheres como HOMEM, mas que agora quer nos fazer crer que seus sentimentos sobre feminilidade, sobre lesbianidade, apagam tudo isso e fazem dele uma mulher lésbica. Que usar maquiagem, vestido, saia, que ser chamado por um pronome feminino e que seus sentimentos subjetivos sobre o que é ser uma mulher sem nunca ter sido socializado como uma apagam magicamente toda sua socialização misógina e falocentrada.

Primeiramente: lésbica NÃO é identidade de gênero. Lésbica é SEXUALIDADE. Lésbica é a condição HOMOSSEXUAL DE PESSOAS DO SEXO FEMININO. HOMOSSEXUAL É A PESSOA QUE SE RELACIONA COM PESSOA DO MESMO SEXO. Logo, só é possível ser lésbica sendo uma PESSOA DO SEXO FEMININO QUE SE RELACIONA COM OUTRA PESSOA DO SEXO FEMININO. Empurrar pessoas do sexo masculino e pênis para relacionamentos lésbicos sob afirmando que existem pessoas do sexo masculino e órgão sexual masculino lésbico é ESTUPRO CORRETIVO DE LÉSBICAS E APAGAMENTO DA CONDIÇÃO LÉSBICA.

Luiz Coppieters NÃO é uma lésbica. Afirmar isso é misógino, lesbofóbico e violento com lésbicas. Repetindo: LESBICA É SEXUALIDADE E NÃO IDENTIDADE DE GÊNERO. Uma pessoa do sexo masculino que se relaciona com o sexo feminino é heterossexual, uma pessoa do sexo masculino que se relaciona com o sexo masculino é homossexual, gay, NÃO LÉSBICA.Afirmar que uma pessoa do sexo masculino é uma lésbica é um discurso FALACIOSO, MISÓGINO, LESBOFÓBICO VIOLENTO COM LÉSBICAS QUE FAZ PARTE DE UMA ESTRATÉGIA PATRIARCAL E MASCULINISTA DE COLONIZAÇÃO E ANIQUILAMENTO DO MOVIMENTO LÉSBICO ATRAVÉS DO ESTUPRO CORRETIVO DE LÉSBICA E DO APAGAMENTO DE NOSSA HISTÓRIA, NOSSA LUTA E NOSSA CONDIÇÃO REVOLUCIONÁRIA DE AMOR EXCLUSIVO DE MULHERES E REJEIÇÃO AO FALO E TODA LÓGICA QUE ELE

REPRESENTA DENTRO DA SOCIEDADE PATRIARCAL.

Segundo ponto: Luiz Coppieters recebeu socialização misógina, lesbofóbica e falocentrada, como toda pessoa nascida no sexo masculino recebe. Isso não é um processo com o qual se consegue romper voluntariamente apenas ao deduzir que seus sentimentos sobre o grupo que deseja ser correspondem a realidade desse grupo, isso não é um processo que se consegue romper reproduzindo as vestimentas e os costumes que são introjetados violentamente nos indivíduos do outro grupo através de processos de violências que pessoas do grupo oposto NÃO vivenciam. Luiz recebeu uma socialização falocentrada, misógina e lesbofóbica e sua crença subjetiva em quem ele é não apaga isso. Vejam suas falas misóginas, lesbofóbicas e extremamente falocentradas para uma lésbica butch que sofreu estupro corretivo aos 13 anos de idade:

"Assume, vai, quer ser homem. Tem inveja de quem negou ser homem pra ser mulher."

"Gato, vc não vai me conquistar assim. Vc não é uma lésbica masculina, vc é só uma pessoa medíocre bem frustrada. Vc veio aqui pra que, aliás? Não comparo, vc são fascistas. Vc não quer ser, vc é homem, só que frustrado. Queria tanto ter um pinto pra oprimir."

"Se tivesse pinto seria um estuprador. Se é que já não é."

"O que garante que um cara como vc não tenha feito mal a uma mina?"



[Toda a conversa pode ser lida aqui.]

Luiz Coppieters é um homem violento, misógino e lesbofóbico que vem sendo inserido irresponsavelmente em espaços feministas e lésbicos.

Luiz Coppieters é um homem violento, misógino e lesbofóbico que vem representando e falando em nome de lésbicas nesses espaços.

Luiz Coppieters é um homem violento, misógino e lesbofóbico que vai estar falando sobre a condição lésbica num dos eventos mais importantes sobre o tema em SP, os eventos do Mês da Visibilidade Lésbica de SP.

Luiz Coppieters é um homem violento, misógino e lesbofóbico que está filiado a um partido, o PSOL, que não cumpre a cota mínima de mulheres filiadas, representando política e estatisticamente a ala feminina desse partido.

Luiz Coppieters é um homem violento, misógino e lesbofóbico que que está usando de sua socialização e sua força misógina e falocentrada pra ocupar nossos espaços na sociedade, na política, dentro do nosso movimento, e falar por nós, MULHERES LÉSBICAS.



LUIZ COPPIETERS NÃO É UMA LÉSBICA!
LUIZ COPPIETERS NÃO REPRESENTA ÀS LÉSBICAS!
LUIZ COPPIETERS NÃO ME REPRESENTA!

LESBIANIDADE NÃO É IDENTIDADE DE GÊNERO!
LÉSBICAS NÃO SÃO DIVERSIDADE, LÉSBICAS SÃO RESISTÊNCIA AO PATRIARCADO!




LUIZ COPPIETERS NÃO É UMA LÉSBICA!

terça-feira, 26 de julho de 2016

PROSTITUIÇÃO EMPODERADORA?

Eu realmente queria compreender o que as liberais entendem como "agência" e "empoderamento" quando falam de uma atividade que tem como FUNDAMENTO a redução absoluta de pessoas à mercadoria.

Sim, porque caso vocês não tenham se dado conta ainda, a prostituição só é passível de ser instituída numa sociedade que tem como acordo social a existência de um grupo de pessoas que pode ser mercantilizado.

Assim: o fundamento primeiro da prostituição - em qualquer condição -, aquele que torna possível sua existência enquanto fenômeno e fato social, é a objetificação plena do indivíduo, ou seja: a desumanização, a destituição do caráter humano da pessoa para sua redução à mercadoria.


Só numa sociedade que institui e normatiza mulheres como objetos e cidadãos como consumidores a prostituição - que é fundamentalmente o acordo de autorização social para que um grupo desumanize outro e o torne objeto de suas vontades - pode existir e, não somente: pode ser pensada como "escolha". Fora desse contexto a prostituição não poderia ser pensada como outra coisa que não violência, barbárie e exploração.

Que "agência" e que "empoderamento" pode existir numa atividade fundamentada nessas premissas? Que "agência" e que "empoderamento" podem existir em uma pessoa que "escolhe" ser desumanizada e objetificada pra ser comercializada para atender as demandas do outro? Onde liberais apontam a "agência" e o "empoderamento" eu só consigo ver um terrível erro de interpretação sobre o que a prostituição realmente é.

PROSTITUIÇÃO & TRANSATIVISMO

Sabem qual a origem dessa ideia de que prostituição é empoderadora?

Da ideia que nascer com uma vagina pode ser um privilégio.

A relação entre essas duas sentenças leva a crença de que a prostituição confere poder à mulher -> o poder da vagina, enquanto privilégio, de "seduzir" os homens. A ideia patriarcal de que nosso sexo exerce algum poder sobre os homens. Isso nada mais é do que uma ideia fetichizada sobre o sexo feminino.


Coisa do T R A N S A T I V I S M O.

Transativismo é misógino e antifeminista. Se liguem.

VOCÊ NÃO É UMA MULHER



Se você nunca foi socializado pra aceitar passivamente e naturalizar a subordinação e dominação de sua sexualidade e de seu sistema reprodutor por homens, pela sociedade patriarcal e pelo Estado e a sofrer calado e resignado as consequências desse processo e ensinado a relegar a segundo plano qualquer possibilidade de lutar contra isso, você NUNCA PODERÁ SE IDENTIFICAR COM UMA MULHER.

Usar vestido, maquiagem, bater cabelo e arrancar o pênis e construir um orifício artificial no meio das pernas NÃO MUDA ISSO, querido.

Você não tem, nunca teve e nunca vai ter sequer a VAGA IDEIA do que é ser uma mulher pra achar que pode "se identificar" com uma vestindo vestido, usando maquiagem e dizendo que com isso "se sente" mulher. PARE DE DELÍRIO, homem."

BIOLOGIZANTE É A TRANSEXUALIDADE

Sabe o que que é biologizante? Dizer que uma pessoa do sexo masculino que mutilou o próprio órgão sexual e se submeteu a feitura de um orifício artificial no meio das pernas tem uma vagina, é do sexo feminino, é uma mulher. Biologizante, ofensivo, misógino.

O sexo feminino não é um buraco no meio das pernas. Uma vagina não é um buraco. Mulheres não são buracos. O sexo feminino é um sistema funcional poderoso, complexo e diverso, historicamente escravizado pelos homens, pelo patriarcado, e reduzido a um buraco de meter piroca e uma incubadeira ambulante - e "mulher" é o produto de todo esse processo de escravização e redução do sexo feminino.


Dizer que uma pessoa do sexo masculino que retira o próprio pau e constrói um buraco no meio das pernas tem o sexo feminino, que é uma mulher, é reafirmar isso, essa lógica do patriarcado.

Biologizante é a transexualidade. Biologizante e misógina.

Transativismo = patriarcado.

TRANSEXUAL NÃO EXISTE



A ideia de sexo é criada pelo patriarcado pra definir o sexo feminino e o sexo masculino a partir do sexo heterossexual/reprodutivo. Sexo é, portanto, um conjunto de características que formam o sistema reprodutor feminino e o masculino e que envolvem órgãos internos e externos, sistema endócrino e produção de hormônios, assim como características específicas desses sistemas. Sexo não é somente o órgão externo - pênis/vulva - que se pode visualizar externamente, mas sexo é um sistema funcional definido a partir de um sistema de classificação que tem como referencial o sexo reprodutivo (heterossexual).


Assim, podemos concluir que um orifício artificialmente construído no entrepernas não transforma uma pessoa do sexo masculino em uma pessoa do sexo feminino; portanto, TRANSEXUALIDADE NÃO EXISTE. Isso é estratégia discursiva patriarcal para promover o apagamento de que, assim como o gênero, a classificação sexual também é um sistema de classificação e opressão de pessoas do sexo feminino, pois que visa definir e reduzir as fêmeas humanas a matrizes reprodutoras chamadas pelo patriarcado de "mulheres".


"Transexualidade" é somente uma das tantas formas em que o patriarcado se rearranja pra manipular e ressignificar seus próprios códigos frente a novas demandas comportamentais pra continuar apagando o fundamento e a história da opressão das mulheres e continuar nos definindo segundo seus próprios parâmetros.


"Transexualidade" é apenas um complemento da "transgeneridade", da ideia de que sexo e gênero podem ser condições fluidas - que se movimentam segundo desejos individuais de alterações corporais e estéticas - em vez de rígidos sistemas de opressão contra pessoas nascidas no sexo feminino.


Transexualidade/transgeneridade = patriarcado.

NÃO NASCEMOS DE JOELHOS. MULHERES, SE LEVANTEM!

Quando a gente nasce, mulher, que nos identificam o sexo feminino, nos dobram os joelhos, com todo cuidado e carinho, diante fo primeiro homem de nossa vida, nosso pai. Com todo carinho, também, cuidam de manter nossos joelhos dobrados, nos ensinando que essa é nossa condição natural, que não podemos os erguer, que não há meios e romper com ela. Nos mostram, também, toda violência e horror destinado àquelasque ousaram contrariar a sua própria natureza e levantar, e nos ensinam que elas são aberrações, aleijadas, defeituosas, que uma mulher estar de pé, e assim caminhar, sem se curvarde joelhos diante de nenhum homem, é um horrorque precisa ser combatido - dentro da gente mesmo, inclusive, dentro de nossos próprios sentimentos e vontades de mulher. Nod apontam que a condição de estar de pé e não se curvar diante de homens é uma condição natural somente a homens e uma mulher não pode ser parecer com um homem, ou ela não é uma mulher de verdade, ela é uma aberração. E, então, durante toda nossa vida eles ns mostram o que acontece com aquelas que ousam tentar se levantar: violências, agressões, estupro, morte, e nos violentam também cada vez que tentamos levantar: nos assustam, nos rememoram dos horrores, nos desqualificam, reduzem, nos roubam a nossa mulheridade e, assim, nos convencem do quanto somos melhores que as outras porque ainda nos mantemos de joelhos.

Assim, permanecemos de joelhos até que nossas pernas atrofiem, que nossa musculatura esteja enfraquecida e acomodada naquela posição curvada, até que já não consigamos mesmo levantar. E então eles nos mostram como essa condição é natural, como a gente não é realmente capaz de se erguer. E, então, eles correm pra apagar todos os registros das violências que usam pra impedir mulheres de se levantar: eles apagam nossos diários, nossas histórias, nossos registros das tentativas que fizemos de nos reerguer; apagam a história de outras que se ergueram e lutaram, reafirmam a trajetória delas como aberrações, como inferiores, ou as reclassificam como homens; eles manipulam nossos sentimentos, classificam nosso sofrimento e nossos desejos por liberdade como loucura, como exagero, como histeria; escrevem teorias e mais teorias afirmando isso, e carimbam essas teorias com seus próprios carimbos da Verdade, a Verdade dos homens. E nos ensinam como, na verdade, eles sao tão bons, são nossos amigos, são protetores e provedores por deatinar seu tempo a cuidar de nós, a nos garantir a vida, o alimento, o cuidado e proteção a criaturas tão frágeis e incapazes como nós, que nascemos de joelhos.

E, então, não temos outra escolha senão aceitar a nossa condição. Aceitar que estar de joelhos é natural, pois que é tão difícil se levantar. Aceitar que estar de joelhos não é exatamente estar de joelhos, não é uma condição estranha a quem tem pernas que podem se desdobrar, mas estar de joelhos é a mesma coisa que ser mulher, que não há duas condições diferentes, mas uma só: a mulher é justamente aquela que se arrasta sobre os joelhos diante dos homens, aquela que não pode se levantar porque ser ajoelhada é o que define uma mulher.

Isso é a educação destinada a quem nasce com uma vagina no patriarcado, isso é a socialização feminina. Isso é o que fazem conosco desde o dia que nascemos e identificam em nós - e em ninguém mais - uma vagina.

Mulheres, nós não nascemos de joelhos. Mulheres, levantem-se. Venham ver o mundo aqui de cima como é bonito. Venham ver como de pé se caminha e luta melhor. Não tenham medo, ergam-se. Não vou mentir, é por vezes bem doloroso, mas não mais do que carregar todo peso do corpo sobre os joelhos, mas não mais do que ter o corpo castigado cada vez que tenta se levantar um pouco, mas não mais do que essas dores que você já se acostumou a suportar. Erga-se e me dê a mão, eu te ajudo a caminhar. E limpo seus joelhos feridos e seu corpo açoitado. E juntas nos apoiamos pra reaprender a caminhar erguidas sobre os nossos pés e a traçar nossos próprios caminhos.

Vem comigo, não tenha medo.