sábado, 19 de dezembro de 2015

A HISTÓRIA DA LOUCURA É A HISTÓRIA DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

Estou vivendo a paranoia da minha própria existência. Não há remédio capaz de me curar de mim. Eu sou minha própria cura.
Vocês que me acompanham talvez estranhem um pouco, porque posso ficar monotemática e com umas ideias muito estranhas. Talvez vocês acompanhem minha derrocada, talvez me achem louca, talvez as teorias e ciências patriarcais continuem me dizendo doente, histérica, psicopatologizavel em alguma classificação CID, talvez vocês fiquem sabendo que haja até quem queira me internar em algum hospital.
Não se preocupem, esse será, muito provavelmente, o momento em que estarei atingindo o ápice de minha lucidez.
Eu não estou doente, eu estou lúcida, muito lúcida. E por estar plenamente lúcida é que meu corpo reage a todas as violências e abusos que me vem sendo impostos; ao mesmo tempo que sentir meu corpo reagindo a essas violências e abusos é justamente o que me leva à lucidez. Esse é o ciclo que me mantém viva.
Estar lúcida não é confortável, dói, mas não vão me embotar os sentidos, porque quando estamos sendo agredidas é justamente a dor que nos impele a reagir à agressão.
Não permitirei que me embotem os sentidos.
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Histeria -> do grego hystéra, útero. Hysterikós, por extensão, é aquele que se mostra nervoso, ansioso, irritado. (Dicionário etimológico)
"Quando se trata de pensar a saúde mental da mulher pelo viés do saber psiquiátrico, apenas as funções biológicas e reprodutoras são evidenciadas, trazendo as questões do funcionamento hormonal como o gerador e desenvolvimento do sofrimento psíquico, excluindo as relações sociais e de poder que estão imbricadas nesse processo. Nessa lógica a mulher é apenas um corpo cheio de hormônios, e apresentaria já em si mesma o determinante da loucura. Para pensarmos a relação saúde mental/mulheres, precisamos compreender que a subjetividade e as experiências de sofrimento são advindas de um sistema de dominação e exploração capitalista, patriarcal e racista que se expressa nas relações sociais, econômicas, políticas e culturais.

De acordo com o Relatório sobre a Saúde Mental, o grupo social que apresenta maior vulnerabilidade para manifestar um sofrimento psíquico grave é o das mulheres. A violência é um dos principais fatores para tal situação, pois organiza a vida das mulheres através do medo, culpabilização e controle. Outro determinante é a divisão sexual do trabalho, que responsabiliza as mulheres pelo cuidado das pessoas com sofrimentos psíquicos, além de nos impor os trabalhos mais desvalorizados e precários, com intensos abusos morais e sexuais no espaço público e privado." - Clique aqui para a matéria completa.


Manicômio "Colônia", fundado em 1903, em Barbacena, Minas Gerais.