segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

TEORIAS EVOLUTIVAS E SOCIAIS GINOCENTRADAS

Especulações.

Tenho uma teoria: começamos a evoluir e a nos organizar socialmente quando um grupo de mulheres (aka lésbicas) começou a negar sistematicamente e de maneira organizada sexo aos homens (inclusive a nossa postura ereta é uma forma de dificultar aos machos o acesso ao sexo feminino, coisa que também outras primatas eretas de diversas espécies consideradas inteligentes e que desenvolvem cultura com demonstrações de predominância de violência do macho também fazem de maneira mais efetiva e organizada que outras fêmeas mamíferas).


O "Elo perdido" é a lesbianidade. O que nos separa das outras espécies foi a capacidade de alguns grupos de mulheres se organizarem pra não permitir aos machos o acesso ao corpo e ao sexo feminino. Daí nasceu o patriarcado, como uma forma de dominar e destruir a organização primeva feminina e se sobrepor a ela - já que os machos passaram também a se organizar em torno disso e de possíveis maneiras de dominar e controlar a fêmea a partir desse aspecto.

Alguém já escreveu sobre isso?

Por teorias totalmente ginocentradas! <3

 

SOBRE IDADE, BELEZA E PATRIARCADO


Me toca profundamente ver mulheres mentindo ou escondendo a idade, ou criando subterfúgios pra não deixar clara a idade que tem.

Isso acontece porque, dentro da patriarcado, a função social da mulher está ligada à exploração de suas capacidades reprodutivas. É em cima da exploração e da dominação do nosso potencial para gerar herdeiros para os patriarcas (meninos que mantenham o seu legado de dominação ou meninas que mantenham o legado da reprodução) que o patriarcado define o que é belo e erotiza mulheres. E, geralmente, sabemos que a capacidade reprodutiva feminina começa a decair (me ajudem com uma palavra melhor?) aproximadamente aos 30 anos. E, então, a partir dos 30 anos, a idade passa a ser um problema pra mulheres no patriarcado, justamente porque é quando o patriarcado nos indica que começamos a ficar inúteis dentro da sua lógica, logo, feias e não desejáveis.

Eu nunca escondo a minha idade. Eu nunca reproduzo discursos que desvalorizam mulheres mais velhas. Eu nunca tomo como elogio ou agradeço pessoas que dizem que eu pareço mais jovem.

Eu sou uma mulher de 39 anos e acho ok parecer-me com uma mulher de 39 anos.

Mulheres, orgulhem-se de suas vidas, de suas histórias e trajetórias, orgulhem-se dos anos de luta que carregam! <3


terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O CORPO LÉSBICO É UM TEMPLO ANTIPATRIARCAL

O corpo lésbico, a existência lésbica, é o único lugar, o único espaço, a única instituição que o macho, sujeito patriarcal, não consegue invadir. A sexualidade lésbica é o único lugar social que existe e prescinde da existência do sujeito falocentrado.

Nenhum homem pode admitir isso. Eles não admitem. Fetichizam lésbicas e a existência lésbica, sonham em possuí-las, em penetrá-las, em dominá-las, em acessar seus corpos e suas subjetividades, sonham em dominar lésbicas da mesma maneira que dominaram as outras mulheres através do regime heterossexual. A heterossexualidade é o regime eficaz de dominação no patriarcado, regime político, econômico, ideológico ao qual TODAS as mulheres estão submetidas, com exceção das lésbicas.

Homens não admitem uma categoria feminina que não os idolatre, que não os ame, que não se submeta, a si, seus afetos mais íntimos, a sua sexualidade, à validação masculina, ao crivo da heterossexualidade. Isso se converte, pra alguns homens, num fetiche de dominação sem limites.

Eles são capazes de qualquer coisa em seu esforço pra acessar e dominar uma lésbica, seu corpo, sua sexualidade indisponível e insubordinada ao macho, à lógica de dominação do macho. Inclusive se mutilar, inclusive mutilar o próprio pênis.

Homens são criaturas bizarras e violentas.



Comentário recebido no blog

SOBRE GÊNERO COMO SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO E/PARA EXPLORAÇÃO DO SEXO FEMININO

As diferenças naturais existem em uma gama de diversidade de formas de reprodução, de cores, de texturas, de funções... a natureza é diversa e cada diferença é importante no ciclo de manutenção da vida, na natureza não há hierarquia, tudo que existe importa igualmente para que a natureza exista e continue existindo. A hierarquia é uma criação humana. As diferenças naturais existem, mas elas só ganham sentido pela significação humana.

Quando quem dá sentido à realidade é o macho, o pensamento masculino e falocentrado, gerado a partir da materialidade do macho, que concebe a si mesmo e a tudo a partir de sua própria centralidade e falocentrismo, a diferença sexual natural entre machos e fêmeas humanas se converte na categoria "mulher".

O discurso e a prática de naturalização da hierarquização falocentrada da diversidade natural macho/fêmea, por sua vez, se chama "gênero".

Gênero não é natural. Gênero não é uma escolha. Gênero não é um sentimento. Gênero é um SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO QUE EXPRESSA A HIERARQUIA SEXUAL DO SEXO MASCULINO SOBRE O FEMININO.

Gênero, portanto, é uma das estratégias de um sistema de dominação do sexo masculino sobre o sexo feminino. O gênero existe enquanto uma imposição dos significados que o macho falocentrado cria sobre o sexo feminino e sobre aquilo que convencionou chamar de "mulher". O "gênero feminino" é uma CLASSIFICAÇÃO que o sexo masculino cria para dar significado, para significar, o sexo feminino de acordo com suas próprias demandas e necessidades. Essas significações, por sua vez, precisam ser convertidas em práticas, e delas surgem os estereótipos de gênero, que são uma série de condutas e ações que a lógica masculina e falocentrada impõe ao sexo feminino para reduzi-lo de acordo com as necessidades e demandas do macho falocentrado e deu seu pensamento, e depois definir que aquilo é ser mulher, e que portanto, aquilo é "natural" - reafirmando, assim, a ideia de que existe, naturalmente, um gênero feminino. Ideias e práticas que, por suas vez, precisam ser naturalizadas através do apagamento dessas relações mais profundas, desses fundamentos e através da naturalização e da positivação dessas práticas pelo discurso masculino falocentrado.

Os estereótipos de gênero são, portanto, uma série de ritos de submissão naturalizados (signos, comportamentos e condutas que servem para fragilizar e domesticar o sexo feminino e depois naturalizar o discurso de que o sexo feminino é frágil e delicado naturalmente - os cabelos longos, p. ex., que servem para facilitar os ataques sexuais, a debilidade física feminina, associada à delicadeza, e esperada da mulher, p. ex. que serve para dificultar que mulheres desenvolvam a força necessária pra autodefesa). O sistema de classificação por gênero e os estereótipos criados a partir dele imposto às pessoas que nascem sob o signo do sexo feminino serve para submetê-las à hierarquia sexual criada e naturalizada pelo discurso masculino falocentrado. O sistema de classificação por gênero e os estereótipos criados a partir dele servem para naturalizar essa hierarquia e esconder que ela não é n atural, mas que é uma criação e uma instituição do macho falocentrado.

A criação e a instituição da hierarquia social servem para manter mulheres dominadas. No patriarcado, as mulheres são dominadas através da hierarquização sexual, que acontece através do sequestro, da dominação, da ressignificação e da exploração da sexualidade e das capacidades reprodutivas da fêmea humana pelo macho falocentrado e em função dele e de suas necessidades. Esse sequestro, por sua vez, será convertido em uma Divisão Sexual do Trabalho, processo que se desdobra de unidade familiar a organização social complexa, logo, processo pelo qual a sociedade patriarcal se organiza e se mantém,com base na exploração da sexualidade, da afetividade e do trabalho das mulheres, para sustentar os projetos e empresas masculinas. Nesse processo em que às fêmeas humanas, classificadas como "gênero feminino" por sua biologia e pelo sequestro de suas capacidades reprodutivas, são impostas as funções ligadas à reprodução, ao espaço doméstico, ao fornecimento de conforto material, prazer sexual e herdeiros para perpetrar o sistema de dominação masculina, precisa ser naturalizado e ressignificado de maneira positiva pelo macho falocentrado, para tal, é preciso naturalizar a ideia de "gênero", é preciso apagar o que se esconde por trás da instituição "gênero", é preciso fazer crer que "gênero" pode ser algo positivo, diverso, alegre, feliz, que pode ser uma escolha pessoal, um dado da subjetividade de cada um. Mas não é. Gênero é uma estratégia e uma prática de dominação fundamentada na hierarquia do sexo masculino sobre o sexo feminino. A isso se chama de PATRIARCADO. O patriarcado não é outra coisa, não é uma ideia, não é uma abstração, ele é ISSO. Ele é esse sistema de dominação pela hierarquização da diferença sexual que possibilita a dominação e exploração do sexo feminino pela Divisão Sexual do Trabalho e que cria significados positivos de maneira a naturalizar essas instituições pela ideia de "gênero". A isso se chama PATRIARCADO.

Gênero não é uma palavra vazia ou uma expressão que representa somente uma série de estereótipos, gênero é um sistema de classificação e de dominação DO SEXO FEMININO.

Patriarcado não é uma palavra vazia ou uma expressão que representa um sentimento ruim que acomete os homens circunstancialmente, patriarcado é um sistema de dominação e exploração do sexo feminino que se constrói a partir da hierarquização do sexo feminino e se concretiza pela classificação por gênero e pela criação de significados positivos que escondam seus fundamentos reais.

Por isso é tão importante afirmar que a categoria "mulher" não serve mais ao feminismo, e que em vez de falar sobre "mulheres" precisamos falar sobre "gênero"

E qualquer mulher que tente desvelar essas relações, apontar os fundamentos do "gênero" e trazer a tona uma história que o patriarcado precisa apagar a qualquer custa para que se mantenha, qualquer mulher que tente desvelar o sistema de dominação que a ideia de "gênero" engendra, que tente desvelar a história da dominação e da servidão do sexo feminino - o sexo cuja a exploração material, sexual e subjetiva fundou e mantém o patriarcado - escondida pela naturalização e positivação do sistema de classificação por gênero será condenada a queimar na fogueira da inquisição Queer e Transativista, pela inquisição PATRIARCAL.