terça-feira, 26 de julho de 2016

PROSTITUIÇÃO EMPODERADORA?

Eu realmente queria compreender o que as liberais entendem como "agência" e "empoderamento" quando falam de uma atividade que tem como FUNDAMENTO a redução absoluta de pessoas à mercadoria.

Sim, porque caso vocês não tenham se dado conta ainda, a prostituição só é passível de ser instituída numa sociedade que tem como acordo social a existência de um grupo de pessoas que pode ser mercantilizado.

Assim: o fundamento primeiro da prostituição - em qualquer condição -, aquele que torna possível sua existência enquanto fenômeno e fato social, é a objetificação plena do indivíduo, ou seja: a desumanização, a destituição do caráter humano da pessoa para sua redução à mercadoria.


Só numa sociedade que institui e normatiza mulheres como objetos e cidadãos como consumidores a prostituição - que é fundamentalmente o acordo de autorização social para que um grupo desumanize outro e o torne objeto de suas vontades - pode existir e, não somente: pode ser pensada como "escolha". Fora desse contexto a prostituição não poderia ser pensada como outra coisa que não violência, barbárie e exploração.

Que "agência" e que "empoderamento" pode existir numa atividade fundamentada nessas premissas? Que "agência" e que "empoderamento" podem existir em uma pessoa que "escolhe" ser desumanizada e objetificada pra ser comercializada para atender as demandas do outro? Onde liberais apontam a "agência" e o "empoderamento" eu só consigo ver um terrível erro de interpretação sobre o que a prostituição realmente é.

PROSTITUIÇÃO & TRANSATIVISMO

Sabem qual a origem dessa ideia de que prostituição é empoderadora?

Da ideia que nascer com uma vagina pode ser um privilégio.

A relação entre essas duas sentenças leva a crença de que a prostituição confere poder à mulher -> o poder da vagina, enquanto privilégio, de "seduzir" os homens. A ideia patriarcal de que nosso sexo exerce algum poder sobre os homens. Isso nada mais é do que uma ideia fetichizada sobre o sexo feminino.


Coisa do T R A N S A T I V I S M O.

Transativismo é misógino e antifeminista. Se liguem.

VOCÊ NÃO É UMA MULHER



Se você nunca foi socializado pra aceitar passivamente e naturalizar a subordinação e dominação de sua sexualidade e de seu sistema reprodutor por homens, pela sociedade patriarcal e pelo Estado e a sofrer calado e resignado as consequências desse processo e ensinado a relegar a segundo plano qualquer possibilidade de lutar contra isso, você NUNCA PODERÁ SE IDENTIFICAR COM UMA MULHER.

Usar vestido, maquiagem, bater cabelo e arrancar o pênis e construir um orifício artificial no meio das pernas NÃO MUDA ISSO, querido.

Você não tem, nunca teve e nunca vai ter sequer a VAGA IDEIA do que é ser uma mulher pra achar que pode "se identificar" com uma vestindo vestido, usando maquiagem e dizendo que com isso "se sente" mulher. PARE DE DELÍRIO, homem."

BIOLOGIZANTE É A TRANSEXUALIDADE

Sabe o que que é biologizante? Dizer que uma pessoa do sexo masculino que mutilou o próprio órgão sexual e se submeteu a feitura de um orifício artificial no meio das pernas tem uma vagina, é do sexo feminino, é uma mulher. Biologizante, ofensivo, misógino.

O sexo feminino não é um buraco no meio das pernas. Uma vagina não é um buraco. Mulheres não são buracos. O sexo feminino é um sistema funcional poderoso, complexo e diverso, historicamente escravizado pelos homens, pelo patriarcado, e reduzido a um buraco de meter piroca e uma incubadeira ambulante - e "mulher" é o produto de todo esse processo de escravização e redução do sexo feminino.


Dizer que uma pessoa do sexo masculino que retira o próprio pau e constrói um buraco no meio das pernas tem o sexo feminino, que é uma mulher, é reafirmar isso, essa lógica do patriarcado.

Biologizante é a transexualidade. Biologizante e misógina.

Transativismo = patriarcado.

TRANSEXUAL NÃO EXISTE



A ideia de sexo é criada pelo patriarcado pra definir o sexo feminino e o sexo masculino a partir do sexo heterossexual/reprodutivo. Sexo é, portanto, um conjunto de características que formam o sistema reprodutor feminino e o masculino e que envolvem órgãos internos e externos, sistema endócrino e produção de hormônios, assim como características específicas desses sistemas. Sexo não é somente o órgão externo - pênis/vulva - que se pode visualizar externamente, mas sexo é um sistema funcional definido a partir de um sistema de classificação que tem como referencial o sexo reprodutivo (heterossexual).


Assim, podemos concluir que um orifício artificialmente construído no entrepernas não transforma uma pessoa do sexo masculino em uma pessoa do sexo feminino; portanto, TRANSEXUALIDADE NÃO EXISTE. Isso é estratégia discursiva patriarcal para promover o apagamento de que, assim como o gênero, a classificação sexual também é um sistema de classificação e opressão de pessoas do sexo feminino, pois que visa definir e reduzir as fêmeas humanas a matrizes reprodutoras chamadas pelo patriarcado de "mulheres".


"Transexualidade" é somente uma das tantas formas em que o patriarcado se rearranja pra manipular e ressignificar seus próprios códigos frente a novas demandas comportamentais pra continuar apagando o fundamento e a história da opressão das mulheres e continuar nos definindo segundo seus próprios parâmetros.


"Transexualidade" é apenas um complemento da "transgeneridade", da ideia de que sexo e gênero podem ser condições fluidas - que se movimentam segundo desejos individuais de alterações corporais e estéticas - em vez de rígidos sistemas de opressão contra pessoas nascidas no sexo feminino.


Transexualidade/transgeneridade = patriarcado.

NÃO NASCEMOS DE JOELHOS. MULHERES, SE LEVANTEM!

Quando a gente nasce, mulher, que nos identificam o sexo feminino, nos dobram os joelhos, com todo cuidado e carinho, diante fo primeiro homem de nossa vida, nosso pai. Com todo carinho, também, cuidam de manter nossos joelhos dobrados, nos ensinando que essa é nossa condição natural, que não podemos os erguer, que não há meios e romper com ela. Nos mostram, também, toda violência e horror destinado àquelasque ousaram contrariar a sua própria natureza e levantar, e nos ensinam que elas são aberrações, aleijadas, defeituosas, que uma mulher estar de pé, e assim caminhar, sem se curvarde joelhos diante de nenhum homem, é um horrorque precisa ser combatido - dentro da gente mesmo, inclusive, dentro de nossos próprios sentimentos e vontades de mulher. Nod apontam que a condição de estar de pé e não se curvar diante de homens é uma condição natural somente a homens e uma mulher não pode ser parecer com um homem, ou ela não é uma mulher de verdade, ela é uma aberração. E, então, durante toda nossa vida eles ns mostram o que acontece com aquelas que ousam tentar se levantar: violências, agressões, estupro, morte, e nos violentam também cada vez que tentamos levantar: nos assustam, nos rememoram dos horrores, nos desqualificam, reduzem, nos roubam a nossa mulheridade e, assim, nos convencem do quanto somos melhores que as outras porque ainda nos mantemos de joelhos.

Assim, permanecemos de joelhos até que nossas pernas atrofiem, que nossa musculatura esteja enfraquecida e acomodada naquela posição curvada, até que já não consigamos mesmo levantar. E então eles nos mostram como essa condição é natural, como a gente não é realmente capaz de se erguer. E, então, eles correm pra apagar todos os registros das violências que usam pra impedir mulheres de se levantar: eles apagam nossos diários, nossas histórias, nossos registros das tentativas que fizemos de nos reerguer; apagam a história de outras que se ergueram e lutaram, reafirmam a trajetória delas como aberrações, como inferiores, ou as reclassificam como homens; eles manipulam nossos sentimentos, classificam nosso sofrimento e nossos desejos por liberdade como loucura, como exagero, como histeria; escrevem teorias e mais teorias afirmando isso, e carimbam essas teorias com seus próprios carimbos da Verdade, a Verdade dos homens. E nos ensinam como, na verdade, eles sao tão bons, são nossos amigos, são protetores e provedores por deatinar seu tempo a cuidar de nós, a nos garantir a vida, o alimento, o cuidado e proteção a criaturas tão frágeis e incapazes como nós, que nascemos de joelhos.

E, então, não temos outra escolha senão aceitar a nossa condição. Aceitar que estar de joelhos é natural, pois que é tão difícil se levantar. Aceitar que estar de joelhos não é exatamente estar de joelhos, não é uma condição estranha a quem tem pernas que podem se desdobrar, mas estar de joelhos é a mesma coisa que ser mulher, que não há duas condições diferentes, mas uma só: a mulher é justamente aquela que se arrasta sobre os joelhos diante dos homens, aquela que não pode se levantar porque ser ajoelhada é o que define uma mulher.

Isso é a educação destinada a quem nasce com uma vagina no patriarcado, isso é a socialização feminina. Isso é o que fazem conosco desde o dia que nascemos e identificam em nós - e em ninguém mais - uma vagina.

Mulheres, nós não nascemos de joelhos. Mulheres, levantem-se. Venham ver o mundo aqui de cima como é bonito. Venham ver como de pé se caminha e luta melhor. Não tenham medo, ergam-se. Não vou mentir, é por vezes bem doloroso, mas não mais do que carregar todo peso do corpo sobre os joelhos, mas não mais do que ter o corpo castigado cada vez que tenta se levantar um pouco, mas não mais do que essas dores que você já se acostumou a suportar. Erga-se e me dê a mão, eu te ajudo a caminhar. E limpo seus joelhos feridos e seu corpo açoitado. E juntas nos apoiamos pra reaprender a caminhar erguidas sobre os nossos pés e a traçar nossos próprios caminhos.

Vem comigo, não tenha medo.