terça-feira, 21 de julho de 2015

TRANSGENERIDADE É MISOGINIA

"Eu me identifico como mulher" - é uma sentença misógina.

Como você pode se identificar com uma condição que você não conhece por vivência, por experiência, por ter vivido nela?, e da qual conhece, portanto, apenas aquilo que o sistema de códigos que a sua classe de semelhantes criou pra dominar a minha te diz sobre ela?, ou seja, a visão que o sistema que você inventou e domina criou sobre aquelas que você visa dominar e explorar seja da forma que for. Você não se identifica como mulher, você se identifica com uma limitação, uma violência, uma condição de escravidão que me é imposta sem que eu tenha escolha e da qual eu luto pra me libertar. Você afirma como mulher tudo aquilo que eu digo que NÃO É. Você afirma que ser mulher é ser essa escravidão. Você - a quem é permitido ser o que quiser e falar por quem você não permite falar - você não "se identifica" como mulher, você se identifica como a escravidão que me é imposta, como segundo sexo a que fui reduzida, com tudo que uma mulher NÃO É. Você se identifica com o horror, com a violência, com a limitação, com a inferiorização da minha condição de diferença; você acha que se identifica com essa condição justamente porque você a desconhece, porque se você realmente a conhecesse, se tivesse plena noção dela como eu tenho, se a vivesse como eu a vivo, desque me entendo por gente, você ia escolher se identificar como outra coisa - muito provavelmente como um homem, como, muitas vezes, chorando vítima da violência e da limitação patriarcal contra mim, e mesmo sem saber dizer racionalmente o fundamento disso, eu chorei desejando ser um homem e me livrar disso tudo. Você se identifica com uma condição de horror e escravidão apenas porque você não conhece nada dela senão a sua visão de colonizador que naturaliza, fetichiza e romantiza a nossa escravidão: a visão de um homem, adquirida pela sua socialização. Você é homem porque a sua socialização te forjou uma compreensão misógina do mundo, e isso é o que faz de um homem, homem, um sujeito masculino - uma socialização tão misógina que permite a vocês, homens, acreditarem que, mesmo sem ter vivido a experiência material de ser mulher, podem dizer o que é uma mulher a partir da imagem patriarcal e idealizada que vocês fazem de uma. E as mulheres não são isso, essa imagem que você, homem, autorizado por outros homens, cobiça porque fetichiza; mas nós somos exatamente aquelas a quem a sua classe de gente autoriza a você fetichizar, objetificar e a falar por apenas pra satisfazer aos seus sentimentos, a sua vontade, a sua ânsia de identificação, ao seu fetiche DE HOMEM. Porque a nós não é, nunca foi, permitido nada, nem mesmo dizer sobre nós o que nós somos. Nós somos aquelas que, depois de ter nossas condições de miséria, escravidão, de exploração, de segundo sexo, fetichizada por vocês, vamos ser proibidas, também por vocês, e com o apoio de toda a sua classe, de afirmarmos que estamos sendo impedidas de dizer o que somos e que estamos tendo nossa condição fetichizada e romantizada por sujeitos que sabem dela apenas o significado que eles mesmos produzem sobre elas: que somos objetos de todos os seus desejos, de todas as suas vontades, de todos os seus fetiches, inclusive daquele que permite a homens dizer que podem afirmar o que as mulheres são e impedir que as mulheres mesmas as digam, tudo porque o sentimento deles é mais importante do que a violenta realidade material que elas vivem há milênios, porque respeitar o sentimento de homens é mais importante do que ouvir e deixar falar as mulheres, porque o sentimento de homens que "se sentem" mulheres é mais importante do que ouvir as reivindicações daquelas que VIVEM MATERIALMENTE a feminilidade como imposição limitadora do patriarcado desque nasceram e, enquanto classe, mesmo antes disso. Não somos mulheres porque nos identificamos com uma escravidão que o patriarcado impõe sobre nós violentamente, mas somo mulheres porque nós somos aquelas que são designadas como mulheres por ele justamente pra sermos escravizadas e termos nossa escravidão fetichizada por homens que, no patriarcado, podem tudo contra nós. Somos justamente aquelas a quem não será, em nenhuma hipótese, em nenhum espaço da sociedade, nunca permitido que se diga isso, que se diga que temos nossa condição de escravidão e exploração fetichizada e romantizada de diversas formas por homens, a quem esse direito - por meio do desenvolvimento de diversas estratégias patriarcais pragmáticas e discursivas - será sempre negado, sob o risco de termos nosso escárnio, nossos estupros, agressões e morte mais uma vez exaltadas e celebradas, inclusive por sujeitos que dizem que são mulheres como nós, por queremos dizer o óbvio: que numa sociedade patriarcal misógina falocentrada sujeitos que nascem com falos e são designados pelo patriarcado como homens (classe de pessoas socializadas e autorizadas a explorar mulheres) têm e sempre terão - mesmo em circunstâncias adversas -  mais voz e poder do que as coisas que nascem com vaginas e são designadas pelo patriarcado como mulheres (classe de pessoas socializadas e forjadas pra naturalizar a submissão e a própria escravidão).
NÃO, VOCÊ NÃO É UMA MULHER. VOCÊ NÃO TEM A MENOR NOÇÃO DO QUE É SER UMA MULHER, DO QUE É VIVER NA PELE DE UMA MULHER, NO CORPO DE UMA MULHER, NO SEXO DE UMA MULHER, VOCÊ NÃO TEM NOÇÃO. E A IDEIA QUE VOCÊ TEM DE MULHER, ESSA COM A QUAL VOCÊ SE IDENTIFICA, É OFENSIVA, MISÓGINA, VIOLENTA E ME MACHUCA, ME FERE, ME CALA, ME MATA, NÃO PORQUE EU ME IDENTIFICO COM ELA, MAS PORQUE, A DESPEITO DE EU NUNCA QUERER TER SIDO VÍTIMA DESSA VIOLÊNCIA, O PATRIARCADO ME DESIGNOU PRA SER, O PATRIARCADO ME IDENTIFICA ASSIM. SE EU PUDESSE ESCOLHER ME IDENTIFICAR COM ALGO, EU NUNCA IA QUERER ME IDENTIFICAR COM A IMAGEM QUE O PATRIARCADO FAZ DE MIM, ESSA QUE VOCÊ REPRODUZ E REAFIRMA, A MESMA QUE ME REDUZ, QUE ME MATA.
NÃO, VOCÊ NÃO É UMA MULHER, E QUEM ESTÁ TE DIZENDO ISSO SOU EU QUE A SOU.

NÃO, VOCÊ NÃO VAI ME DIZER O QUE EU SOU, VOCÊ NÃO VAI PERPETUAR ESSE SILÊNCIO NEFASTO QUE O PATRIARCADO IMPÕE SOBRE MIM QUANDO ME IMPEDE DE DIZER O QUE EU SOU E COMO EU SOU MULHER ATRAVÉS DA VIOLÊNCIA QUE ELE ME DESTINOU. SOU EU QUE VOU DIZER O QUE É SER MULHER E NÃO VOCÊ. SOU EU QUE VOU DIZER O QUE É SER SUJEITA DO FEMINISMO E NÃO VOCẼ. VOCÊ VAI CONTINUAR SENDO UM HOMEM QUERENDO FALAR PELAS MULHERES SOBRE O QUE AS MULHERES SÃO - NADA DE NOVO NO PATRIARCADO.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

MOVIMENTO QUEER E LOBBY PEDÓFILO

TEXTO EM CONSTRUÇÃO

Cês sabem o que o movimento queer defende como "práticas sexuais transgressoras", né? Aliás, cês sabem que o movimento queer defende "práticas sexuais transgressoras"? Pois deviam saber. Cês se alinham a um movimento sem conhecer seus fundamentos?
Mas então. Cês sabem o que significa uma prática sexual transgressora? Significa que, dentro da perspectiva da construção de normas sociais essenciais para a convivência em sociedade, certas práticas são percebidas como dentro da norma e outras como fora da norma, ou seja: daquilo que é socialmente aceito como normal ou não. Quando a gente fala em práticas fora da norma, de desvios da norma, estamos falando de práticas que nossa sociedade considera como não aceitáveis, como não normativas, como impassíveis de serem naturalizadas como algo socialmente saudável ou aceitável. Então, sobre essas práticas, podemos estar falando daquelas classificadas como bizarras, como patologias, como criminosas como transgressoras. Quando falamos de uma práticas não normatizadas, há alguns tipos que são semântica ou epistemologicamente, impossíveis de serem relativizadas: p. ex. as bizarras ou as criminosas - o fundamento do bizarro e do criminoso só pode ser entendido a partir de algo que perturba e causa danos a sociedade. Algumas práticas são passiveis de serem relativizadas, pois que não assumem um valor fundamental negativo para a manutenção de nossa convivencia e de nossos ordenamentos sociais: uma prática que foi considerada patologia outrora, pode, hoje, através do movimento de transformação da cultura, passar a ser normatizada - o caso da homossexualidade, p. ex., que foi considerada doença por muito tempo, mas as demandas impostas pela realidade material em transformação obrigaram a ressignificação e normatização desse dado de nossa cultura. Outro caso de prática que tem como fundamento a possibilidade de relativização são as práticas compreendidas como transgressoras. Dependendo dos valores da cultura e do que se quer atingir com determinada prática, "transgressora" pode ser considerada nociva ou positiva para uma sociedade e, conforme o movimento de transformação dos valores dessa cultura, uma prática transgressora pode ser positivada ou não, conforme tensão entre as forças de conservação e transformação. Assim, é comum que práticas transgressoras vistas como negativas outrora, sejam consideradas norma agora, como, p.ex, a luta pelo fim da ditadura em sociedade que viveram sob regimes autoritários ou mesmo a pedagogia sem castigos físicos reivindicada por educadores em um tempo em que era norma se dar à palmatória. Quando, estrategicamente, se converte o fundamento de uma prática qualquer de bizarra e criminosa para patológica ou transgressora, o que se está fazendo e criando meios, caminhos, sentidos para que, cedo ou tarde, essa prática possa ser normatizada. Quando se converte a pedofilia, a zoofilia, o incesto, de interditos morais e éticos, em "práticas transgressoras", o que se deseja, na verdade, é criar condições para, cedo ou tarde, normatizá-las, ou seja: retirá-las do lugar fundamental do desvio e fundá-las como norma, para que sejam, progressivamente, naturalizadas pelo movimento da cultura.
Abram o olho de vocês, feministas queerizadas, sobre o que vocês estão permitindo que seja enfiado dentro do feminismo.

Alguns links:

http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/o-lobby-pedofilo-bate-a-sua-porta-ef7v8lvyazgoyqnvyv70qiu6m
No evento seguinte, que ocorreu esse ano [2015], no México, de 'Sexualidades proibidas', um evento queer e feito por teóricos queer, vai ter várias mesas que explicitamente advogam o abuso sexual infantil, e o abuso de animais não-humanos (zoofilia). Uma das palestras/oficinas pode se ler abaixo se chamará "Oficina de ativismo pedofilo", outra palestra se chama "O incesto pai/filha como estratégia de vinculação psicoemocional", e ainda tem no evento a "conferencia magistral: experimentações sexuais em animais não-humanos".
https://www.facebook.com/coloquiodesexprohib/photos/a.831764313556580.1073741830.817839568282388/831836033549408/?type=1

https://www.facebook.com/coloquiodesexprohib/photos/a.831764313556580.1073741830.817839568282388/831836033549408/?type=1&theater

sexta-feira, 17 de julho de 2015

POLÍTICAS AFIRMATIVAS DIZEM RESPEITO A NÓS, A NOSSO COTIDIANO



Equidade é o substantivo feminino com origem no latim aequitas, que significa igualdade, simetria, retidão, imparcialidade, conformidade.

Este conceito também revela o uso da imparcialidade para reconhecer o direito de cada um, usando a equivalência para se tornarem iguais. A equidade adapta a regra para um determinado caso específico, a fim de deixá-la mais justa.




Igualdade e equidade são conceitos diferentes, embora se entrelacem. Não se estabelece justiça e se chega a igualdade aplicando igualdade onde ela não existe, quando estamos partindo de situações desiguais. É preciso aplicar e fazer prevalecer práticas de equidade para que o senso de justiça mal aplicado não alimente, na verdade, as desigualdades. Entendo as ações afirmativas como exercícios e práticas de equidade. Não entendo [quer dizer, entendo sim] como pessoas que são favoráveis, p. ex., às cotas como ações afirmativas, como políticas reparadoras, que compreendem a importância dessas políticas, só são entusiastas delas quando são promovidas por uma instituição distante, por órgãos de autoridade ou políticas públicas oficiais, distantes das nossas relações e práticas mais intimas, mas não compreendem que ações afirmativas se desdobram também em pequenos gestos, em novas formas de sociabilidades. Eu sou uma mulher branca, cheia de privilégios, porque a sociedade concede às pessoas brancas milhões de acessos, espaços e benefícios que, historicamente, têm negado às pessoas negras, sobretudo às mulheres negras. Eu sou uma mulher branca privilegiada e falo, aqui, a outras mulheres brancas privilegiadas como eu. Nós somos privilegiadas e temos que ter noção disso, temos que entender isso e criticar isso. Mas não apenas criticar: temos que agir contra isso, temos que concentrar nossas práticas, desde a militância até nossos gestos em nossas relações mais pessoais, no sentido de transferir nossos privilégios para as mulheres negras, para as mulheres pobres, periféricas, em situação desprivilegiada em relação a nós. Então, as ações afirmativas e as políticas reparadoras não podem ser uma coisa distante de nós, uma instituição política grandiosa que nós achamos que não nos diz respeito e que apenas aguardamos os governos ou órgãos especializados aplicarem através de leis, regras e editais distantes de nós. Ação afirmativa e política de reparação tem que ser TODO DIA, no dia a dia, em todas as esferas de sociabilidade, inclusive - e principalmente! - as minhas.

Não adianta eu aplaudir cota social, cota racial, política pública, se, diante de uma constatação de desigualdade nos meus círculos de relações eu me mantenho isenta de responsabilidades e em silencio. Eu tenho o DEVER ÉTICO, isso precisa ser um IMPERATIVO na minha luta por uma sociedade mais justa e igualitária: fazer políticas afirmativas e de reparação no meu cotidiano. Se eu trabalho com uma mulher em condição de desprivilégio em relação a minha condição, eu vou sim, eu preciso, considerar isso na hora de negociar meu horário, minha escala de folgas, a divisão de tarefas; eu vou sair mais tarde, ceder as folgas, pegar as atividades que possam dificultar ainda mais a vida dessa pessoa, abrir mão daquelas que podem ajudá-la de alguma forma, seja profissionalmente, seja em seu crescimento pessoal. Vou transferir renda para elas quando puder, usar meus privilégios pra conseguir trabalho, pra pensar em estratégias de geração de renda, escolarização, profissionalização ou o que for. Na escola ou na faculdade, vou privilegiá-las em grupos de estudo, horários, prazos de entrega de atividades, empréstimos e doações de livros, enfim, em TUDO que me couber fazer para assumir minhas responsabilidades nos processos sociais que me privilegiam em detrimento de outras mulheres. E isso NÃO é um favor, não é bondade e nem camaradagem, isso é dever ético, é senso de justiça e responsabilidade de alguém que verdadeiramente reconhece seus privilégios e busca ser minimamente coerente com os discursos de justiça e igualdade que propaga em seus círculos de militância. De alguém que realmente reconhece seus privilégios e esta disposto a não apenas desconstruí-los conceitualmente, mas a abrir mão deles na luta com a qual diz se comprometer, por uma sociedade mais justa e menos desigual, perversa e nojenta.

E você, feminista branca que frequentemente reclama da "agressividade" das minas negras, que vive cobrando sororidade e compreensão delas, o que você EFETIVAMENTE faz por aquelas que insiste em chamar de irmãs mas que, na verdade, sempre estiveram em posição de suas escravas a serem exploradas?

Vamos sair do discurso, da internet, do conceitual, das teorias bonitas e começar a agir?

SOBRE DISCURSOS ANDROCENTRADOS DE TRATAMENTO E CURA FEMININA

Vejo o sofrimento das mulheres, suas dores, suas tormentas emocionais e identifico, sem muitas dificuldades, as causas e fundamentos: maternidade compulsória, abusos masculinos, desumanização e objetificação, limitação forçada de suas capacidades e potencialidades e muito silenciamento, anos e anos de silenciamento e frustração.

NENHUMA terapia/psicologia/análise é capaz de sarar isso.

Isso NÃO é um problema individual, é um problema social, cultural, coletivo. Nenhuma psicologia fundada no indivíduo, fundada na vontade individual como valor supremo, vai sarar isso.

Psicologia/psicanálise se trata apenas de discurso andro/falocentrado para a domesticação das mulheres, para que aceitemos com mais resignação os abusos, as dores e os sofrimentos que nos são impostos pelos homens, para que introjetemos que o sofrimento que sentimos e a superação deles é responsabilidade individual nossa e ignoremos e aceitemos a naturalização da violência social que sofremos ao nascer e por toda nossa vida para sermos transformadas em "mulheres".

NENHUMA TEORIA PSICOLÓGICA VAI TE DIZER ISSO. NENHUMA PSICANÁLISE VAI TE LEVAR A COMPREENDER ISSO.


quarta-feira, 15 de julho de 2015

PEDOFILIA NÃO É DOENÇA, É A EXACERBAÇÃO DE UMA NORMA SOCIAL AMPLAMENTE ACEITA: A SUPREMACIA DO MACHO.

Pedófilo abusador de criança não é doente. Pedófilos abusadores de crianças não são monstros, não são anormais, não são doentes, SÃO FILHOS SAUDÁVEIS de uma sociedade patriarcal que autoriza ao homem a acessar, violar e explorar toda e qualquer criatura que ele possa dominar pela força, seja física, política ou social. São filhos saudáveis de uma sociedade que funda suas relações e sociabilidades no desenvolvimento e manutenção da supremacia masculina. Abusadores de crianças não sofrem de uma patologia individual, eles exercitam a exacerbação extrema de uma norma social amplamente aceita: a de que o macho tem o direito natural de se servir, desfrutar e explorar todos os outros corpos e subjetividades que estão, na sociedade patriarcal, subordinados a ele. Pedófilo abusador de criança é um homem saudável socializado dentro da norma do patriarcado. O ponto de vista de pedófilo abusador de crianças sobre a pedofilia e o abuso infantil NÃO PODE SER LEVADO EM CONSIDERAÇÃO EM DETRIMENTO DO PONTO DE VISTA DAS VÍTIMAS DE ABUSO.

Foda-se os sentimentos, o psicológico, a saúde o bem estar do abusador. FODA - SE.

Quem tem que ser ouvido, ter o ponto de vista considerado, quem tem que produzir sentido sobre os abusos sexuais SÃO AS VÍTIMAS.

Quem tem que ser ouvida e ter sua narrativa sobre abusos e abusadores considerada, compreendida e levada em conta na hora de produzir sentido, estabelecer crítica, normais sociais e de conduta sobre abusos infantis e abusadores SOU EU, É A NATACHA, A RENATA, A OLÍVIA, A NEUZA E TODAS AS VÍTIMAS DE ABUSOS INFANTIS, E NÃO OS SEUS ABUSADORES.


Parem de se ocupar desses merdas. Se ocupar com o ponto de vista, com a saúde, o bem estar e a segurança de abusadores NÃO É FEMINISMO. É ANTIFEMINISTA E ANTISSORORÁRIO. É O QUE O PATRIARCADO FAZ.







terça-feira, 14 de julho de 2015

FEMINISMO NÃO É CLUBE E PORNOGRAFIA É INSTITUIÇÃO PATRIARCAL.

Feminismo não é clube, não é espaço de diversão e lazer; feminismo não é perspectiva individual de empoderamento, bem-estar e felicidade individual. Feminismo é sobre mulheres. NO PLURAL. É sobre a emancipação de uma classe inteira de pessoas, de uma classe política, econômica, ideológica e materialmente escravizada. Feminismo é sobre essa classe, é sobre coletividade; porque nenhuma individua existe fora da coletividade, fora do reconhecimento daquilo que somoS, ou que podemoS ser, ao nos enxergar, nos reconhecer, UMAS NAS OUTRAS. E nós somos escravizadas porque somos coletivamente SOCIALIZADAS, constituídas, construídas, forjadas, enquanto individuas, pra sermos escravizadas, dominadas, exploradas por outra coletividade: a dos HOMENS. Por eles e por suas instituições simbólicas e materiais.

FEMINISMO NÃO É CLUBE. FEMINISMO É COMPROMISSO POLÍTICO E ÉTICA. Compromisso com a classe que me representa e a qual eu também represento, compromisso com essa coletividade dominada, limitada e explorada pelo patriarcado. Compromisso com essa classe e com a TRANSFORMAÇÃO dessa classe para a NOSSA emancipação.

EU NÃO CONSUMO PORNOGRAFIA.

A pornografia EXPLORA, VIOLENTA, AGRIDE, ESTUPRA E MATA MULHERES. Sobretudo MULHERES NEGRAS E POBRES. A indústria da pornografia está entre as mais ricas do mundo e lucra com a EXPLORAÇÃO, O ESTUPRO A VIOLÊNCIA E A MORTE DAS MULHERES, sobretudo das mulheres NEGRAS E POBRES. A indústria da pornografia lucra com a naturalização da violência contra as mulheres, com a naturalização da objetificação das mulheres, com a naturalização da redução das mulheres a objetos da sexualidade e do prazer do homem, com a naturalização da objetificação e dominação de mulheres por homens como norma de sociabilidade, como norma de relacionamentos sexuais, como norma de erotização e afetos, a pornografia é a erotização da violência contra a mulher, é a erotização da dominação do homem sobre nós, é a erotização de nossa submissão. A pornografia é uma das formas mais fundamentais de objetificação e exploração de mulheres. Sobretudo de mulheres NEGRAS E POBRES. A PORNOGRAFIA VIOLENTA, AGRIDE, ESTUPRA E MATA MULHERES. Sobretudo MULHERES NEGRAS E POBRES. A PORNOGRAFIA VIOLENTA, AGRIDE, ESTUPRA E MATA MULHERES. Sobretudo MULHERES NEGRAS E POBRES.  [Repitam isso pra si mesmas até internalizarem, até compreenderem, o que a pornografia realmente é, até abominarem a pornografia pelo que ela realmente é, e não naturalizarem essa visão glamurizada e erotizada da violência extrema contra nós que o patriarcado produz sobre a pornografia]

A pornografia é uma das formas mais fundamentais e poderosas de produção de sentido do patriarcado sobre a sexualidade e a condição das mulheres e da naturalização desse sentido: a pornografia DESUMANIZA as mulheres, as transforma em objetos absolutos, em mercadoria. A pornografia HUMILHA, MACHUCA, VIOLENTA, EXPLORA E MATA MULHERES não apenas como encenação de uma realidade que ela deseja naturalizar através do fetiche e da erotização da violência como padrão de relação sexual, mas na REALIDADE, através da indústria pornográfica, que explora mulheres, mercantilizando seus corpos e sua condição e submetendo-as a estupros regulares para criar um espetáculo que reduz a mulher a seu destino, a sua função, patriarcal: objeto do prazer e do gozo perverso do homem.

Não há emancipação ou autonomia feminina alguma na pornografia. A pornografia é um PRODUTO, UM CONSTRUCTO, DO PATRIARCADO. Não há emancipação ou autonomia alguma em uma atividade que naturaliza a nossa condição de objetos sexuais. Fazer mulheres crerem que é possível se emancipar através da pornografia, que a pornografia poder representar, em alguma medida, a liberdade sexual de mulheres é uma falácia, porque só há uma única coisa que a pornografia representa: a nossa redução à objetos sexuais, a coisas, a mercadorias cuja única função é satisfazer o prazer dos homens. Acreditar que a pornografia pode emancipar mulheres é uma FALÁCIA do discurso de instituições patriarcais atreladas a instituições neo-liberal que lucram com a exploração de mulheres na indústria pornográfica – dominada por, adivinhem, homens! - para manter a dominação e a exploração de mulheres e continuar lucrando com elas. Isso é o patriarcado.

O fundamento da pornografia é a desumanização das mulheres e a naturalização dessa desumanização, a naturalização da nossa redução a objetos sexuais. Não há nenhuma possiblidade de emancipação feminina a partir de uma atividade que nos reduz a isso. Não há nenhuma possibilidade de emancipação feminina a partir de uma instituição patriarcal. NENHUMA. Crer nisso é crer numa falácia de um discurso patriarcal estrategicamente criado e difundido pra naturalizar uma prática patriarcal como se ela não fosse uma prática patriarcal, mas uma “escolha” das mulheres.

PORNOGRAFIA É NATURALIZAÇÃO E NORMATIZAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHER.

Agora, troque, nesse texto, a palavra “PORNOGRAFIA” por “PROSTITUIÇÃO”. A prostituição obedece a mesma lógica, a mesmíssima lógica, da pornografia: a naturalização e normatização da condição feminina como inferior, como mercadoria, como objeto do prazer masculino. A pornografia é a espetacularização da  prostituição; é a dominação masculina sobre mulheres, a objetificação e exploração feminina, transformadas em espetáculo.

A PORNOGRAFIA e  a PROSTITUIÇÃO são instituições patriarcais de escravização e exploração feminina. Nenhuma – eu disse NENHUMA – instituição patriarcal pode levar à libertação e à emancipação das mulheres. Em NENHUMA circunstância.

Ser feminista e ser a favor da pornografia e da prostituição é uma CONTRADIÇÃO.


Se liguem, mulheres.