quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

SÍNDROME DE ESTOCOLMO E SOCIALIZAÇÃO FEMININA

Existe um mecanismo de sobrevivência exclusivo de mulheres em sociedades patriarcais. Um mecanismo desenvolvido após milênios de sujeição de mulheres à violência masculina, que é engendrado na força dessa civilização e começa a ser acionado em nós ainda na infância, quando começamos a receber e a introjetar os códigos de nossa socialização:

Quando uma mulher identifica um indivíduo do sexo masculino, independente da forma como ele esteja vestido, de sua aparência física ou da de marcas e signos das diferentes tradições culturais e/ou regionais que ele possa carregar em sua aparência, quando uma de nós identifica nessa pessoa o sexo masculino, e isso se dá fundamentalmente pela identificação de um órgão sexual masculino, que é, justamente, o simbolo máximo do poder nessa sociedade e aquilo onde reside simbolicamente nosso temor, pois que é a marca do que nos violenta, o sexo da diferença, o sexo que não é o nosso, o sexo que, historicamente, nos domina, nos submete e nos viola. Quando o identificamos o sexo masculino, imediatamente é acionado em nós o alarme do risco iminente, o alarme da sobrevivência. Nesse momento, imediatamente nós passamos a demonstrar idolatria e/ou adoração a esse indivíduo e aos de suas classe e nos docilizamos frente a ele, as suas ideias, palavras, a seus gestos e produções; fazemos isso como os animais desumanizados que aprendemos que somos, nós damos sinais da nossa domesticação, pois assim eles, há milênios, nos mostram que é a única possibilidade que temos de que eles nos concedam o direito à vida. E assim fazemos porque as que vinham antes de nós já faziam, e assim aprendemos a fazer desde pequenininhas.

Isso é a socialização feminina. Isso é ser mulher. Nenhuma pessoa nascida com pênis vivência essa condição.


"Adoration" - Obra de Jan Saudek, mais um macho misógino nojento superestimado pelo patriarcado

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