quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E O PATRIARCADO

A opressão das mulheres é sexual e não por gênero.

A emancipação econômica das mulheres é muito perigosa pro patriarcado, porque ela inicia seu desmantelamento a partir de um de seus principais pilares (ou fundamento), que é a DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO, umas de suas premissas mais fundamentais, que coloca mulheres em relação de servidão no espaço doméstico para que fiquem em dependência emocional e material do homem e creiam que lhes servir de sexo, trabalho doméstico e conceber seus filhos seja uma obrigação dela ao homem que lhe provê e, supostamente, protege.

Por isso é importante pro patriarcado desestimular mulheres de trabalhar, fazer de tudo para mantê-las longe do trabalho: responsabiliza-las e culpa-las pela maternidade, pagar menores salários, assediá-las moral e sexualmente, sobrecarrega-las nas tarefas domésticas, etc.

A Divisão Sexual do Trabalho é um dos fundamentos organizadores de nossa sociedade, de TODAS a sociedades patriarcais. É o que as organiza e permite que elas existam historicamente, perpassando o tempo e diferentes espaços, de maneira a fortalecer homens psíquica, politica e materialmente, para submeter e dominar mulheres e seguir existindo. A Divisão Sexual do Trabalho opera no SEXO e não no gênero, porque ela necessita que as capacidades reprodutivas das mulheres estejam sob controle de homens e de instituições masculinas. É pra fazer esse controle que os homens instituem os interditos, as proibições, a desmoralização e demonização do sexo e do corpo feminino e de tudo que é relativo a ele, a vulva, a vagina, a menstruação, a desmoralização e a violação sobre o exercício saudável da sexualidade feminina, a maternidade compulsória e o veto ao direito ao aborto, a heterossexualidade compulsória e a perseguição à sexualidade lésbica, o controle dos corpos femininos por meio de padrões de beleza inatingíveis, o estupro como ameaça constante à s possíveis insubmissões femininas a esse aparelho de controle.

Por isso não adianta apenas reivindicar salários mais altos, o fim do assédio, a justa cooperação nas atividades domésticas, apenas superficialmente, se não formos à raiz, aos fundamentos que sustentam essas estratégias. Sem combater os fundamentos, as origens das estratégias que nos aprisionam, o patriarcado se reinventa, se reelabora, ou, quando convém, nos retira os direitos já conquistados.

Por isso afirmamos que o SUJEITO do feminismo é o sexo feminino, a quem esse sistema de opressão é direcionado e o único capaz de protagonizar a luta, combate e resistência à opressão e à exploração que vivencia sobre seu corpo e seu sexo. O sujeito do feminismo só pode ser o sexo feminino porque, em qualquer luta contra qualquer opressão somente quem a experimenta é capaz de conhecê-la profundamente e engendrar coletivamente sua emancipação e libertação. Nenhuma pessoa do sexo masculino, por mais que sofra em circunstância adversas de violências engendradas por nossa sociedade, experimenta o patriarcado enquanto sistema de opressão e exploração sexual que ele é, portanto, não poderá jamais ser sujeito e protagonista de um movimento que visa a emancipação do SEXO FEMININO e da servidão e exploração históricas ao qual ele vem sendo submetido. Qualquer outra categoria de pessoas que não seja o sexo feminino e pleiteie-se como sujeito ou protagonista do feminismo é um COLONIZADOR, pois deseja se apropriar de um movimento cujas opressões ele não vivencia e, portanto, cujas pautas não pode protagonizar, para impor a esse movimento pautas que não deveriam ser dele, no intuito de pulverizar e promover o apagamento das pautas centradas na condição histórica da opressão do sexo feminino.

Lembrem-se: nossa servidão, nossa dominação, exploração e opressão é pelo sexo! O gênero é um desdobramento disso e não a causa de nossa opressão.


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