sexta-feira, 22 de abril de 2016

SOCIALIZAÇÃO, SUBMISSÃO, BDSM, SEXO VIOLENTO E ESCOLHA PELA PROSTITUIÇÃO

Só existe BDSM (práticas sexuais sadomasoquistas), mulher que "gosta" de apanhar no sexo e mulher que "escolhe" ser prostituída porque a definição patriarcal de mulher como objeto do homem, a nossa desumanização, é tão fortemente introjetada em nós, no que entendemos como "eu", como ser mulher, que nós passamos a acreditar que sermos submetidas sexualmente por homens é, não somente nossa função, mas também uma certa forma de poder que [supostamente] exerceríamos sobre eles. Sobretudo, nós cremos que, dentro do que nos foi introjetado pela socialização como "ser mulher", os homens têm o DIREITO de nos objetificar, nos diminuir, nos agredir, nos submeter, e somos convencidas por discursos fetichistas que quanto menos resistirmos e quanto mais permitimos o subjugo e a violência que eles desejam impor contra nós em relações sexuais, mais poder de sedução temos sobre eles - quando seduzir é sinônimo de ser objetificada, submetida, humilhada e violada por essa objetificação.

Esse é o fundamento do BDSM, esse é o fundamento da lógica que impele mulheres a "gostar de apanhar" no sexo, isso é a logica que impele mulheres a "escolher" ser prostituída por homens.


Site de BDSM com práticas de ESTUPRO.

4 comentários:

  1. Praticas sexuais e gostos são coisas muito intimas. Vai de cada um.
    Não preciso me relacionar só com homens para realizar meus desejos.
    Sou mulher e praticar sexo da forma que me dá prazer é um direito meu.
    Se para outras isso é algo negativo, também não podemos generalizar. Alertemos de outra forma.
    Meu gosto por esse tipo não afeta meu pensamento sobre direitos, ao contrário, mais um direito meu de ser quem eu sou.
    Teu discurso está sendo libertário para aquelas que são como eu?

    Danny P

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    1. Danny, gostos e preferências, por mais intímos que sejam, são socialmente construídos. Se algumas mulheres são felizes ou sentem prazer sendo açoitadas, humilhadas, diminuídas por homens ou, até mesmo, por outras mulheres, na nossa sociedade, é um direito dela praticar isso, mas isso não quer dizer que essas práticas e esses gostos não tenham um fundamento nessa mesma sociedade que tolera e positiva práticas sexuais de reprodução de suas estruturas hierarquizantes, dominadoras e violentas. A nossa sociedade naturaliza de tal forma a hierarquização, a violência, a predação e a exploção sexual que as torna desejáveis, positivas e sinônimo de libertação, mas não existe liberdade nenhuma em ser submetida, humilhada, agredida - acreditar nisso é ter introjetado tão fortemente a hierarquização e a violência dentro de si a ponto de achar que ser submetida e violentada numa sociedade patriarcal pode ser uma escolha ou uma liberdade.

      Bjs.

      Ana.

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  2. Obrigada por esse texto. Eu só vejo as pessoas falando, falando e falando sobre como mulheres "escolhem" essas práticas cruéis contra elas mesmas e como isso deve ser "respeitado", finalmente encontrei um lugar que discute sobre isso de forma certeira, atingindo a RAIZ do problema.

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    1. Obrigada por seu comentário, Camila! Fico feliz em ter colaborado com a reflexão de uma mulher da mesma forma que muitas mulheres colaboram com a minha! <3

      Bjo.

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