terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O CORPO LÉSBICO É UM TEMPLO ANTIPATRIARCAL

O corpo lésbico, a existência lésbica, é o único lugar, o único espaço, a única instituição que o macho, sujeito patriarcal, não consegue invadir. A sexualidade lésbica é o único lugar social que existe e prescinde da existência do sujeito falocentrado.

Nenhum homem pode admitir isso. Eles não admitem. Fetichizam lésbicas e a existência lésbica, sonham em possuí-las, em penetrá-las, em dominá-las, em acessar seus corpos e suas subjetividades, sonham em dominar lésbicas da mesma maneira que dominaram as outras mulheres através do regime heterossexual. A heterossexualidade é o regime eficaz de dominação no patriarcado, regime político, econômico, ideológico ao qual TODAS as mulheres estão submetidas, com exceção das lésbicas.

Homens não admitem uma categoria feminina que não os idolatre, que não os ame, que não se submeta, a si, seus afetos mais íntimos, a sua sexualidade, à validação masculina, ao crivo da heterossexualidade. Isso se converte, pra alguns homens, num fetiche de dominação sem limites.

Eles são capazes de qualquer coisa em seu esforço pra acessar e dominar uma lésbica, seu corpo, sua sexualidade indisponível e insubordinada ao macho, à lógica de dominação do macho. Inclusive se mutilar, inclusive mutilar o próprio pênis.

Homens são criaturas bizarras e violentas.



Comentário recebido no blog

4 comentários:

  1. Me surge uma dúvida sobre este episódio. Fico absolutamente desconcertada com este tipo de situação onde homens que não se identificam com sua própria casta resolvem tornar-se mulher e, para piorar, sob a premissa de ser uma mulher lésbica, o que na prática e na individualidade não-subjetiva é impossível. Este tipo de "conceito" sobre "transgressão de gênero" que foi mencionado, de "mulheres trans lésbicas", isto está dentro da Teoria Queer?

    Abraços, Ana

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  2. Um trecho de uma entrevista com uma das teóricas fundantes do queer:

    "Como todo mundo, o macho branco hétero rico é objeto de várias demandas as quais ele deve se conformar. Viver sua heterossexualidade, sua “branquitude”, seus privilégios econômicos, isso significa se moldar aos ideais dominantes, mas também recalcar outros aspectos de sua personalidade: seu lado homossexual, seu lado feminino, seu lado negro… Como todo mundo “o macho branco” negocia de forma permanente. Ele pode arriscar. Mas às vezes, quando ele se olha no espelho, ele vê…uma mulher. E tudo em que ele acreditava desaba em pedaços."

    Ela aponta que o patriarcado não existe mais como estrutura (pós-estruturalismo) que ele é um "espectro" que conforma todos de maneiras semelhantes, afirmando que os homens brancos, heteros e ricos sofrem as sanções sociais de viver a norma também e que, portanto, a manifestação deles contra essa norma seria legítima. Esse é o fundamento da política de autoidentidades, que tem como premissa a analise individualizante em detrimento da analise dialética e materialista de conformação da realidade e do individuo. Com base nisso, a expressão de identidade dos sujeitos brancos, heteros, ricos violentados contra essa sociedade que os violenta é tão legítima quanto qualquer outra. E, nesse sentido, ele pode ser qualquer coisa. :(

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    1. Nunca havia lido algo tão escancarado da Judith Butler. Infelizmente vemos muitas teóricas de "gênero" contribuindo para que os homens violentem as mulheres de várias maneiras. Outra dúvida. Soube que nos EUA foi reconhecido a existência de 36 gêneros (...), e, dentre eles, tem o Kindergender, que pela definição deles, são adultos que por dentro se sentem crianças e por isto se atraem sexualmente por crianças. Sabe o que é isto? Passe livre para pedofilia.
      Resolvi trazer este novo surgimento que também estão dentro da Teoria Queer porque cada vez isto se torna mais nocivo e violento para as mulheres, meninas e crianças. Só posso dizer que mantenhamos nossa força e união cada vez mais potente para enfrentar os tempos pós-modernos escuros e sombrios que vem por aí.

      Grande abraço e obrigada pela resposta.

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  3. Ah, a teórica é a Judith Butler. A entrevista na íntegra: http://www.geledes.org.br/entrevista-judith-butler-em-portugues/#gs.hki6KBE

    :)

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