terça-feira, 14 de junho de 2016

PROSTITUIÇÃO É SISTEMA DE ESCRAVIDÃO FEMININA


Em maio de 2016, um movimento liberal de mulheres denominado Marcha das Vadias Rio de Janeiro, liderado por um travesti cafetão e político profissional, que há alguns anos já vem defendendo a regulamentação da exploração sexual de mulheres por cafetões através da PL Gabriela Leite, começou também a encabeçar um movimento criminoso de apologia, defesa e incentivo ao turismo sexual. O movimento, liderado por esse travesti cafetão, aproveitou-se da ocasião da realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro e de todo o debate que vem sendo gerado pra COIBIR o turismo sexual durante o megaevento esportivo pra liderar uma campanha de liberação do turismo sexual no Brasil. Com os argumentos de que alguma mulheres "escolhem" serem prostituídas e que o turismo sexual as beneficiaria, ignorando a realidade de que o turismo sexual é uma atividade misógina, predatória e violenta que trafica, explora, mutila e mata MILHARES de crianças e mulheres no mundo inteiro, e reduzindo a questão a um "tabu" moral a ser superado, o travesti cafetão lidera mulheres do Rio a apologizarem e incentivarem o turismo sexual através desse movimento criminoso em benefício próprio.

Esse texto foi escrito por ocasião de uma série de levantes e contestações de feministas abolicionistas contra esse movimento bizarro e criminoso.



Se prostituem? Ou são prostituídas por homens? Quem é o sujeito da prostituição? Quem é seu objeto?

PROSTITUIÇÃO NÃO É ESCOLHA INDIVIDUAL, É SISTEMA DE ESCRAVIDÃO FEMININA


Nenhuma mulher "escolhe" ser prostituída, NENHUMA. Em nenhuma circunstância.

Simplesmente porque a prostituição não pode ser compreendida em termos de escolhas individuais, isso é uma falácia neoliberal. Prostituição é um SISTEMA de escravidão feminina.

Não existe mulher que "se prostitui", mulher não prostitui a si mesma, ela só está prostituída porque os homens são os agentes da prostituição, é deles a demanda por prostitutas, são eles os sujeitos da prostituição, logo, mulheres não "se prostituem" ["se" é partícula reflexiva, que indica que alguém faz algo pra si mesmo e não pra outrem], mulheres SÃO PROSTITUÍDAS POR HOMENS.

Não há 2 sujeitos da prostituição, o sujeito da prostituição é o HOMEM - em qualquer circunstância - a mulher é o OBJETO da prostituição.

Ser objetificada significa ser REIFICADA.

Reificação é fundamentalmente um processo de DESUMANIZAÇÃO.

Nenhuma mulher "escolhe" ser reificada, ela apenas não teve chances ainda de compreender que está sendo porque o patriarcado NATURALIZA o processo de reificação das mulheres e as proíbe de narrarem pela perspectiva das mulheres as nossas versões das histórias de subjugo e dominação masculina, assim como nos impede que nos reconheçamos nessas histórias e umas nas outras. O patriarcado nos impõe a sua própria versão do que a prostituição é para as mulheres: "liberdade sexual", "escolha", "empoderamento". Mas basta ouvirmos o que estão dizendo a imensa maioria das mulheres prostituídas por homens para saber que essa versão é FALSA, que essa é uma versão PATRIARCAL que não condiz com a realidade e nem com os relatos da GRANDE MAIORIA das mulheres prostituídas.

Vamos parar de defender prostituição como se isso fosse feminismo porque NÃO É.

PROSTITUIÇÃO É SISTEMA DE ESCRAVIDÃO FEMININA. SISTEMAS NÃO SÃO FENÔMENOS INDIVIDUAIS, SISTEMAS SÓ PODEM SER COMPREENDIDOS DENTRO DE UMA DINÂMICA SOCIAL COLETIVA .

Parem de propagar o liberalismo em nome do feminismo porque liberalismo NÃO é feminismo.

Feminismo que defende prostituição como "escolha" individual é "feminismo" liberal, só que feminismo e liberalismo são práticas CONTRADITÓRIAS. Logo, "feminismo liberal" NÃO EXISTE, é uma FALÁCIA patriarcal pra manipular e dividir as mulheres".


Recorte da "vitrine" que expõe as mercadorias à venda no site Bahamas, um dos mais tradicionais clubes de prostituição de luxo em SP, do cafetão Oscar Maroni, que faz sua fortuna em cima da exploração sexual, da mercantilização e da violência sobre os corpos das mulheres.




Leitura básica e fundamental sobre o tema: PROSTITUIÇÃO E SUPREMACIA MASCULINA de A. Dworkin.

Um comentário:

  1. Texto ótimo! Parece que as vezes cansa repetir o óbvio mil vezes e de mil jeitos diferentes pra sociedade ver se começa a raciocinar sobre o corpo da mulher como produto. O problema é chegar em sala de aula e ver professor universitário defendendo cafetinagem... mas, vamos lá. Um livro legal pra se pensar sobre, chama "A política sexual da carne" de Carol Adams.

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