domingo, 15 de maio de 2016

SOBRE ANSIEDADE, DEPRESSÃO E CIÊNCIA E MEDICINA CAPITALISTAS E PATRIARCAIS

Xô contar uma coisa pra vocês. Eu não sou uma louca irresponsável, tapada e idiota que se "recusa a ser ajudada" porque se nega a tomar as drogas alienantes e viciantes que a indústria farmacêutica impõe às pessoas como curas milagrosas e individuais pra sofrimentos causados por doenças sociais e torturas coletivas. Eu sou uma mulher adulta, inteligente e capaz, privilegiada - reconheço - com acesso à informação e ao conhecimento. Existem pesquisas, muitas pesquisas, de gente séria, profissional, dedicada, que questiona e critica radicalmente a forma como a medicina vem conduzindo os estudos sobre as causas e o tratamento de depressão, ansiedade e outros transtornos, e eu estou estudando, pesquisando, lendo, buscando essas pessoas e o que elas tem pra dizer, porque eu não acho que pessoas que se dedicam seriamente, em estudos, em pesquisas, em tempo e esforços pra questionar um cânone - e que são apagadas, negligenciadas e boicotadas por isso - o façam por brincadeira. Eu podia escolher fingir ignorar tudo isso e me deixar drogar por substâncias viciantes e que causam dependência e que de nada - NADA - diferem de todas as outras drogas que não são vendidas nas farmácias, a não ser por questões unicamente de legislação e controle social - no pior sentido que a expressão carrega. Eu podia fingir que acredito que tratar transtorno de depressão e ansiedade com Rivotril e Prozac, ou outra droga qualquer legal e lucrativa pra industria farmacêutica, é muito diferente do que tratar com cocaína e álcool, mas isso seria crer que existe sim alguma diferença fundamental entre essas drogas que não apenas a legislação sobre elas, e eu não acredito nisso. Eu podia fingir que não sei tudo isso e correr pra solução que toda a sociedade apresenta pra mim como uma forma rápida e mágica de alentar minhas dores e angústias e me entupir de drogas, tal qual um dependente de cocaína, mas me achando muito mais inteligente e perspicaz que ele. Eu podia fingir que não sei de tudo isso e sucumbir à oferta de alívio imediato que a indústria das drogas me oferecem quase como um entretenimento. Mas eu não vou. Eu não vou porque eu acredito em mim, na minha força, na minha inteligência e na minha capacidade. E, sobretudo, porque eu não acredito em soluções fáceis pra tratar um problema que me maltrata e que se cria e perdura há quase 30 anos: a violência patriarcal a que sou diariamente submetida.

Compreender como funciona e não sucumbir a uma das empresas mais ricas e poderosas do capitalismo, que se mantém milionária e no poder vendendo seu produto, e que vende seu produto deixando as pessoas doentes e as doenças crônicas em vez de realmente curá-las, também é político, também é luta, também é resistência, também é tratamento, também é importante e necessário.

A indústria farmacêutica está entre as mais ricas e poderosas do mundo, e isso não é à toa, e isso não é pouco, e isso não pode ser ignorado. Fomentam uma ética perversa e violenta - em benefício próprio e em benefício do sistema que a enriquece, o capitalismo -, e que tem norteado a própria ética médica, científica e de toda produção de conhecimento de academias e centros de pesquisas médicas e que não visa outra coisa senão manter as pessoas doentes e sob tratamento o maior tempo possível, para que possam vender seus produtos e continuar lucrando. Até quando vocês vão ignorar isso? Até quando vocês vão achar que é mais confortável e menos doloroso o autoengano?

Rompam com essa merda. Ou admitam que confiam e acreditam na indústria que vocês mesmos afirmam saber que adoece e mata gente porque lucra com isso.

O conhecimento é mais eficaz que qualquer droga. Resistir, criar e fomentar alternativas ao capitalismo e ao patriarcado - e à ciência e à medicina produzidas a partir deles - também é uma forma de cura. Não subestimem as mulheres que o fazem.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aqui você tem voz, mulher! Diga o que quiser!