terça-feira, 8 de março de 2016

SOBRE 8 DE MARÇO, ONU E EMANCIPAÇÃO DAS MULHERES.

Gente, antes do incêndio na fábrica de tecidos nos EUA, ao qual é atribuído a origem do marco do dia internacional das mulheres pela ONU, as mulheres russas já haviam deflagrado greves, se organizado, lutado e morrido em massa por reivindicar direitos para as mulheres; elas também reivindicavam o estabelecimento de uma data, um marco, em memória da luta e resistência das mulheres, ein. Historicamente, a luta das mulheres esteve por muito tempo atrelada à luta por uma sociedade socialista, só que a ONU, pra desatrelar a memória da luta das mulheres - uma luta que já existia para as MULHERES TRABALHADORAS socialistas antes mesmo de se falar em feminismo - pra desatrelar a memória da luta das mulheres da memória da própria luta SOCIALISTA das trabalhadoras russas contra a EXPLORAÇÃO DE CLASSE, ignorou toda história de luta das mulheres russas e promoveu o apagamento dessa memória estabelecendo o episódio da fábrica dos EUA como marco da data celebrativa.

Há séculos, também, as MULHERES NEGRAS já lutavam por sua emancipação, e pela emancipação de seu povo. Mas dessa luta, por motivos óbvios, temos ainda menos registros e menos memórias. Mas também não podemos ignorar e esquecer que a luta das mulheres negras também antecede o feminismo e o marco que a ONU resolveu estabelecer como celebrativo da luta das mulheres. Não podemos, portanto, ignorar ou esquecer que a luta pela emancipação das mulheres é anterior ao fenômeno branco e burguês do feminismo, e que passa, também, fundamentalmente pela luta contra o SISTEMA RACISTA.

Também há séculos, as MULHERES LÉSBICAS lutam e resistem. Silenciosamente, também tendo seus registros e memórias aniquiladas, suas narrativas apagadas, sua luta e resistência - a mais fundamental e forte luta contra a sociedade patriarcal: O AFETO EXCLUSIVAMENTE VOLTADO PARA MULHERES -, as lésbicas tiveram, antes de qualquer movimento feminista, sua resistência e luta assassinadas, torturadas e encarceradas em manicômios.

Fiquem de olho, ein, porque não existe emancipação feminina no capitalismo. Não existe emancipação feminina sem ruptura com a sociedade de classes. Não existe emancipação feminina no racismo. Não existe emancipação feminina numa sociedade racista. E, ainda, não existe emancipação feminina numa sociedade em que mulheres são violentamente impedidas de desenvolver o afeto e o amor dedicado exclusivamente a outras mulheres. E é isso que a ONU quer nos fazer esquecer. Não permitam.

Mulheres negras, mulheres trabalhadoras, mulheres lésbicas, seu legado e seu protagonismo não podem ser apagados JAMAIS.



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